É só na minha imaginação?
Não, era uma loucura. Perdia-me nas tuas pernas e depois não sabia o caminho de volta, pelo que só me restava ficar e perdurar. Capturado? Nem por isso. De livre vontade, acertado com o tremor desnorteado de tuas ancas delirantes já que, curiosamente, depois de te fazer ultrapassar o limiar do tolerável começavam a falar num dialecto incompreensível. Misticismos.
Fruto da tua Imaginação?
Não, era uma intensificação. Chuvas torrenciais depois de encontrar a ligação directa entre os circuitos que iam dos teus halos magmáticos ao teu ventre vulcânico. Esse cujo pouco espaço restante estava ocupado pela minha batente veemência, profetizando a maior erupção de todos os tempos. Uma Obra inigualável, essa anatomia oculta de um precioso sistema sensitivo. Tocava aqui, acendias-te dali. Tocava ali, escorrias-te de ti. E que pesquisador te saí eu. Pior a emenda que o soneto, na tentativa desesperada de recuperar as rédeas, tu, aceleravas até ao Estado em que tua pele se tornava Bronze.
Inconsequente?
Sim, sempre fui, de outro modo e nunca teria entrado em ti. Quanto maior o precipício mais veloz se impele o mergulho aquando da queda livre. “E que não tenha nunca fim, pois assim me encontre na desintegração de mim”, era a minha Oração preambular. Até se consumar, trágicos lábios os teus que não conseguiam que os dentes atrevidos deixassem de participar também nos festins intervalares à cópula pura e dura. As coisas que fazíamos…
Incontinente?
Sim, era no que te tornavas, vencida. Compulsiva de Corpo e Alma, que Coração tão grande o teu que palpitava furioso até ao pórtico da tua Sagrada Entrada, trémulas as abas desfraldadas de seu juízo, fora de si. E abriam-se as Águas desvelando-se um Secreto Silêncio com milénios de reclusão. Se és incontida? Não, és Bem-Aventurada. Se sou especial? Não, encaixados somos ideais. Melhor que isso, reais.
“Porquê?”
Bramias tu entre a arritmia que te possuía. Porque sempre disseste que “não” ao que mais querias. E são pessoas assim como tu que se perdem, irreversivelmente, numa cama labirintificada de lençóis manchados pelas provas irrefutáveis do Amor que se Amou. Portais abrem-se dentro e fora de Nós, mais não se diz, não que seja interdito, mas porque não se sabe dizer. Só fazer.
(…)
There's a pain
A famine in your heart
An aching to be free
Can't you see
All love's luxuries
Are here for you and me
(Depeche Mode, Halo)
A famine in your heart
An aching to be free
Can't you see
All love's luxuries
Are here for you and me
(Depeche Mode, Halo)