quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Poema do Acrescento ao Poema da Reconciliação

Apócrifos Amores
Inundados de humores
Por ventura Adocicados… quiçá salgados… mas jamais apaziguados
Uma fremente aventura… mesmo delirante, que dura
Incessante




Poema da Reconciliação

Rio da minha perdição
Contigo rio… até à exaustão

Ignoremos a morte sonhada
Vamos zerar e recomeçar a nossa Caminhada

Contigo rio… até à superação
Rio da minha combustão


(Te Amo-Te… óH, Coisa…)




O Poema da Potência

Terá a água sabor?
As lágrimas sentem ardor?

Dedos famintos diante de seios carentes
Lábios absintos beijando meios ardentes

Encantado por um colírio que causa o delírio, fulminado
Por tua voz, entrecortada, quando se te desaba de rios a foz, aluviada
Do prazer em comprazer

Sim, tuas lágrimas têm sabor
São água de ardor


(Este poema é para ti, por ti... sim… tu que, sem entender, não consegues parar de ler…)




Desvendadas Verdades Vendadas

Desatinos complicados
Bonitos de serem desatados
A luz que guarda uma vista
É proporcional à sombra imprevista

(Entendido?)



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Memorabilia Dourada (Dos Grifos Amantes)

Foi notável quando se juntaram, uma noite, depois de se ensoparem de alguma dose de tónico vínico, e então se lembraram de compor poemas. Cada um lançava um verso, e por cada verso lançado, uma peça de roupa despachada. Foi só quando a nudez tomou conta da ocorrência que se demitiram da caneta, para dar aso à função poética, recorrendo a outos expedientes, digamos que, mais interpenetrantes…

Para a posteridade lírica ficou um poema versando Grifos Amantes, do qual se revelarão apenas alguns versos escolhidos, devido a expressa solicitação de sigilo da parte dos intervenientes.

Ainda assim, ficou em aberto a possibilidade de num dia vindouro, banhado a ouro, se divulgar toda a estória acontecida.


(Começo de Entrecho)

Dos abraços que nos fazem em estilhaços
Fragmentados e espalhados
Somos Grifos em Amores Caóticos

Das rupturas e proveitosas desventuras
Melopeias autênticas epopeias
Somos Grifos em Amores Despóticos

Das voluptuosas silhuetas libidinosas
Amalgamadas almas amadas
Somos Grifos em amores Apoteóticos

(Final de Entrecho)



domingo, 5 de fevereiro de 2017

Bom dia! (Deixando a Luz entrar…)

Manhã. Levanta-se o Demiurgo, indolente, tal como tu e eu. Deixa a Demiurga na cama, preguiçosa, afinal de contas a soirée prolongou-se acrobática até altas horas… Vai à casa-de-banho ver-se livre das naturais acumulações da noite. Na mente ainda leva fragmentos de um ou outro sonho a que assistiu. Lava o rosto, espevita.

Abre as cortinas da cozinha, recebendo o sol crescente. Primeiro bebe água, alcalina. Deixa-se assim estar, durante o tempo que lhe parece bem durar, que o Elixir Vital faça o seu efeito, que faça mover os arroios, rios e mares de que é talhado. Depois dá início à primordial refeição circadiana, coisa leve, porém generosa. Mastiga, concentrado na fusão desses sabores com a imagem dos pardais, pulando de ramo em ramo, na árvore que lhe espreita dadivosa à janela.

Sente uma mão no ombro, procura-a com a sua. Ainda quente, a Demiurga aparece semivestida com a sua camisa de dormir, curta e translúcida, desliza, posta-se a dois passos da janela e espreguiça-se matizada pelo festival de raios solares sobre a sua gloriosa efígie...
- Bom dia!
- Bom dia…

Posto este breve entrecho quotidiano, ainda crês que a tua vida, e morte, sejam diferentes das que estão reservadas aos deuses?



sábado, 4 de fevereiro de 2017

Chá de Palavras (Outras Questões)…

De onde vem essa fome que ataca os povos, que os compele a atacar?
Vem do ego, esse nó cego.
Como aprender a desatar?
Diz que, Observando, “meramente” Testemunhando. Portanto, Presenciar.



Observação: Luz de Vela

Serenamente, apaziguadora da sombra, tornando-a sua aliada com arte, nas artes que faz tremular pelas paredes, a luz de vela é leniente. Talvez se deva a esse bruxulear, talvez se deva aos entes que gostam de a cirandar. Sei lá. Sei o que sinto. E o que sinto é que me embala a cAlma.



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Dos Cadernos Evolucionistas: quando a primeira das Árvores Aladas, por uma milagrosa mutação, ganhou asas.

Foi num Outono, assim que se lhe tombou a última das folhas estralejantes. Transformou-se essa árvore com particular e estrondosa diferença: do nada, apareceram-lhe asas. Por conseguinte, concretizava a alteridade na espantosa capacidade de voar. Executava longos voos, deixando estupefactas as próprias aves, com as quais se cruzava naturalmente, fosse em meros voos banais, de ocasião, ou no decurso das suas epopeicas rotas migratórias.

Abrindo um precedente, causou grande revolução no Reino das Árvores, traçando um novo rumo nas Escrituras da Mãe Natureza. A Árvore deixava de ser a senciência aparentemente imóvel, passando a ser a sabedoria manifestamente veloz.

Imaginem, uma criatura-árvore, com todas as aptidões e virtudes que já lhe eram legitimamente reconhecidas, acrescentando a habilidade de voar.

Um prodígio. Que mais dizer?


(Jacques Hnizdovsky, Winged Tree)