terça-feira, 19 de julho de 2011

Analgesía do Amor Físico (Catarina, a Heroína)

Primeiro Acto – A Cúpula do Amor

Primeiro fechamos as persianas. Mas deixamos ranhuras tácticas criando interstícios geométricos que se sucedem em linhas paralelas. Porquê? Para que possam entrar nesgas de Luz e gerar misteriosos padrões espectrais sobre os nossos corpos que, não tarda nada imiscuídos, são pauta de inolvidáveis ritmos supra musicais.

Porque é isso que somos, um Manto Espectral de Cicios Libidinosos…

Desprovidos de trapos e cobertura, fecha-se a Cúpula no interior da qual nascerá a Cópula.


Segundo Acto – Celebração de Corpos

À medida que nos vamos brindando, brincando aos preâmbulos do Amor, andamos, deslindamos… Mais não sei dizer, só fazer… Fazemo-nos, como tal. Sei no entanto que Te desvendo com extremidades, que Me desvendas em concavidades. Trazes-me a Ti. Repeles-Me. Empurro-Te. Puxas-Me. Um jogo de fazer Sede e saciá-la, só para criar mais, e mais, e mais… E bebemos a Água que vem Chuva e que a julgar pela ausência de nuvens só pode chover de Nós. Somos o Céu e a Terra. Precipitamo-nos Chuvada lá de cima, até chegarmos cálidas gotas aos nossos corpos cá em baixo. Mas mesmo essas logo se evaporam no instante do embate com a pele magmática. Portanto, somos o líquido, o volátil e o êxtase da transição que casa os dois estados na sua continuada confluência*.

Mas não fica por aí. Óh, se ficasse!... Essa precipitação sobre os nossos corpos que não param de se precipitar é um Movimento de Eterna Expansão. Sem que mais alguém saiba, porque para isso seria preciso que mais alguém existisse, chamamos-lhe a ‘Celebração Amorosa’ ou quando perdemos o tino a ‘Celebrosa Amoração’. Porque aquando do êxtase, nem as palavras restam, só o Som.


Terceiro Acto – Catarina, a Heroína

E porque jogamos aos nomes, já que ninguém sabe quem nós somos, onde estamos e como Amamos. Porque a nossa missão é só Pulsar**. Tu segredas-me ao ouvido com a ponta da língua, e entre estalidos e crepitações húmidas, revelas-Me o nome do dia… “Catarina, a Heroína”.

“Meu Amor, minha Heroína. Analgesia Nirvânica que despertas este bom e amante Coração. Completemos nossa coroação fechando o circuito.”

Então, de Imersão em Emersão, abafamo-nos de tanto Calor indiferenciado, não sei o que é Teu, nem Tu o que é Meu. Perdidos os saberes, de Amor em Amor, aprendemos a respirar na ausência de ar. E é aí o Ponto. Dá-se a Cessação e vem*** aquele Som em que nos tornamos e deixa de haver Tu e Eu. Só o Som, tudo passa a ser essa Vibração.

Heróicos.





* comunhão
** Irradiar
*** irrompe


Post Scriptum: Em três Actos. Herói que Chove e volta a Chover Heroína.

domingo, 17 de julho de 2011

Rádio (O Rapaz que só sabia Amar)

Era como uma geringonça que transmitia numa frequência invulgar, por isso lhe deram o nome de Rádio.

Era doce e amoroso. Sorrindo um sorrido que reverberava num padrão subtil.

Rádio só conhecia o Amor. E mesmo quando lhe diziam, “Rádio, és Idealista, tem cuidado, não estás no mundo angelical”, ele não fazia caso.

Porque no fundo Rádio sabia muito, ao contrário de toda a gente que teimava em aconselhá-lo, porque quem mais aconselha menos sabe. Mas Rádio sabia mesmo muito, e por isso estava sempre calado. Limitava-se a emitir, silenciosamente, Ondas de Amor. E só quem entendia ficava ao pé dele, os que não eram tocados iam-se, mas não há mal, o seu tempo a cada qual!

O que Rádio transmitia era tão maravilhoso, um Caleidoscópico de Sons, palavras sem significado que formavam um Idioma Poético livre de tradução. E por isso, Rádio apesar de não o dizer emitia: “não pensem, não analisem, não interpretem… sintam… só!”.

Rádio, o Rapaz que só sabia Amar, e que apesar de ser uma estória do passado, ainda está para chegar. Na verdade já cá está, e sempre estará, aparecendo apenas para quem conseguir e se deixar Tocar.

Obrigado. Eu Amo-Te, Rádio…





Post Scriptum: poderia pedir-te desculpa pelas vezes em que te ofereci coisas só porque gostei delas. Mas acho que isso é precisamente o que pouca gente faz. Já reparaste que quase sempre se dá algo a alguém na expectativa que seja uma coisa que vá de encontro ao seu gosto? E se começássemos a presentear-nos com novidade e o inesperado? Não seria dar um passo em frente? Passar de um mundo de hábitos, a um planeta de espontaneidade e magia?... Aqui fica, se quiseres aceitar, é tão somente uma Reverberação do meu Coração!

sábado, 16 de julho de 2011

A Noite é das ‘Miúdas Maduras’ (Quem é Ele?)

- Quem é ele? Interrogou-se num pensar em voz alta, misto de sobriedade e fascínio.
- Não sei. Respondeu terminante, como se pretendesse “cortar pela raiz” algum tipo de “mal” que só ela podia ver.
- Não fala muito, pois não? Manteve-se incólume na Vibração em que estava Sintonizada.
- Não sei, costuma estar ali quieto…
- Acho-o giro! Focada nele, disse-o com o brilho que raiava dos seus olhos de claro angelical.
- Tu e a tua atracção por gajos estranhos! Repreendeu a amiga, já sem qualquer pretensão de a dissuadir a sair de um ‘Espaço Onírico’ de onde já não seria possível tirá-la.
- Óh pá, não é isso!… Insistiu, de beicinho, como quem transmite de outro Plano.
- O que é então? Retorquiu enfim conivente, esforçando-se sem sucesso para encobrir um sorriso inevitável.
- Tem qualquer coisa… Há qualquer coisa com ele, acho-o especial…
- Pois, pois, vamos é embora daqui antes que te percas de vez!
Ameaçando primeiro com cócegas, despertou-a, depois foi puxá-la pelo braço e fazê-la correr consigo em direcção ao centro da Vila. De mãos dadas, correram juntas, rindo-se a meio com os passos ofegantes. A Beleza da juventude que para quem saiba viver é não menos que eterna. A noite era de verão, por isso pedia que fosse vagueada por ‘Miúdas Maduras’ movidas a Sonhos do Coração…


Sim, é Amor…
A Ti dir-Te-ei o meu verdadeiro Nome.
Na verdade, já o trazes dentro de Ti…
Até lá…
Sonha Princesa… E vive.




Desculpa (Ser Sorriso Andante)

Não faz mal, às vezes erramos. É bonito pedir desculpa, mas se a outra parte não aceitar isso já te ultrapassa. Segue o teu caminho, ponto final.

Do mesmo modo, não fiques à espera que te peçam desculpa, mesmo que aches que era tudo e só o que bastava. Isso significa ficar parada e o que se pretende é que sigas caminhando.

Desencanta as decepções. E encanta com teu Sorriso Viajante.

Ama-Te o quanto Te Amo-Te.

Sê Sou.





Post Scriptum: Já te disse que nos teus cabelos trazes as cores da miríade de Brilhos que vêm do Céu?

terça-feira, 12 de julho de 2011

Oriente junto ao Coração (Um Beijo de Luz)

Um Ensaio. O assopro de vento brando vinha serpeando por entre a égide da ramagem das árvores, aliviando-as dos últimos indícios de razão e preparando-as para conhecer a noite lunar, logo após o repouso solar, e então começou o que não tem começo…

O Evento. Assim nasceste dançando, e eu respirando essa tua Graciosidade enquanto vinhas em minha direcção e codificava a tua existência em Poesia, o único Saber capaz de te descrever, Princesa Oriental…

A Deusa. No quente dos teus Beijos Orientais, soube que nessa imensa trança guardavas o ondulado dos teus cabelos onde já me fiz ao Mar, e Revelou-se-me o porquê da minha ancestral Religião às Ondas, voadora tua sedosa penugem…

O Devoto. No aroma moreno da tua pele Oriente incandescente sou o leitmotiv dos cataclismos que de ti brotam nos mementos de prazer, de uma cor que nunca alguém conseguirá extrair, intenso brilho afago, maquilhados olhos tatuados…

A Estória. Fazemo-la nós no Espaço Silencioso dos nossos gemidos lânguidos sempre que o mundo está dormindo e nós Amando, e assim o sustentamos com a Força que emana essa nossa junta fricção, seios exóticos arrebatados…

A Eternidade. Sem se perceber como, mesmo sem se compadecer com o entendimento terreno, o vento voltou ainda mais sereno, cansado da paixão ardida, pleno do Amor celebrado, sussurrando vestígios do que se passou e ninguém notou, a devoção à Cúpula da Entrada Sagrada, e então não teve final o que não conhece fim …

(...)

Te Amo-Te

(…)

Abandona a mete que pensa em prosa;
Reanima outra espécie de mente que pensa em poesia.

Põe de lado toda a perícia em silogismos;

Deixa que as canções sejam o teu estilo de vida.

Passa do intelecto para a intuição,

Da cabeça para o coração,

Porque o coração está mais perto dos mistérios.


Osho, in Intuição

(…)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Revisitando o Perdão (Olho por Olho, Dente por Dente?)

- Pensa em alguém te tenha feito realmente mal. Falou abrindo uma insuspeita tonalidade de desafio.
- Sim.

-O que te deixa mais sossegada em relação ao assunto?

- Saber que ela inevitavelmente vai pagar pelos seus actos!

- Então imagina que entretanto ela toma consciência do que fez, sobe um patamar em direcção a um Estado de Graça e concretamente não “paga” pelo que fez, dentro daquilo que para ti seria expectável. O que tens a dizer sobre isso!?

- É injusto!
Protestou algo indignada.
- É injusto que uma pessoa tenha percebido intimamente o quão negativos foram os seus actos e que tenha passado a um patamar à frente, fechando a possibilidade de os voltar a repetir, quer seja contra outros que ser seja contra si?

- Acho que sim, acho que ela tem que pagar...
Retorquiu já num tom diferente, a caminho da Aceitação.
- Esse é o teu problema. Enquanto te servir de consolo que os outros “vão pagar pelo mal que fizeram”, enquanto não aceitares que mesmo esses têm o potencial e o direito de se redimirem mesmo que não seja através do sofrimento que achas que deviam ter, enquanto isso acontecer estarás a impedir a ti própria que o mesmo suceda contigo, além de que só estas a perpetuar a tua ligação a essas pessoas.


(…)

O "olho por olho, dente por dente" equivale aos ciclos de vingança em que nos vemos presos durante vidas. Muitas vezes processa-se de um modo consciente, quando activamente procuramos ferir aqueles que sentimos que nos feriram. Mas quase sempre se processa inconscientemente e essa é uma das grandes causas do famigerado “desencontro”: a pessoa fica presa num ciclo em que vai intercalando o papel de vítima e vitimadora; numa situação é subjugada ou visada por alguém que tem a etiqueta de “mau” ou “má da vítima”; quando finalmente sai desse lugar insustentável, encontra alguém que tem a etiqueta de “bom” ou “boa da fita” mas aplica-lhe exactamente o mesmo tratamento negativo a que foi anteriormente sujeita; para resolver isso há que reconhecer o seguinte, quando saímos de uma situação “má” para uma “boa”, abre-se um hiato entre as duas que representa a possibilidade de resolver a anterior e abraçar a nova com outros olhos, ou seja, uma porta aberta para quebrar o padrão cristalizado; porém, quase sempre se perde a oportunidade que se abre com esse hiato continuando-se o padrão; para interromper o ciclo e acabar com o “desencontro”, tem que haver uma tomada de consciência profunda, resolver conscientemente o passado, para estar integradamente no presente e assim abrir um futuro genuinamente novo.

(…)

Sei que a palavra amor parece muitas vezes vazia e que ficamos sempre aquém quando se trata de expressar continuamente esse sentimento, mas acreditamos realmente que, se procurarmos humildemente essa experiência, podemos entrar nela e sentir o mesmo que na montanha. Somos elevados acima das nossas vidas passadas e transcendemos todos os erros que cometemos. Ficamos renovados e mais inteiros. Para mim, esta experiência deu-me a sensação de um regresso a casa, quando ficamos finalmente libertos de todas as coisas que desejaríamos não ter feito. Há uma sensação de que, quando atingimos esta Ligação, podemos recomeçar. (…) Ensinamos que todo aquele que queira vir para casa e começar de novo pode encontrar essa experiência, mas isso significa refutar a ideia de olho por olho. Como vimos em Secret Mountain, num estado de consciência mais elevado, não há justificação para um Ciclo de Vingança, a menor possibilidade para ele. A verdade é que temos de permitir que todos possuam a capacidade de mudar, de serem redimidos num abrir e fechar de olhos.

James Redfield, in A Décima Segunda Revelação


(Desencontro: "de pernas para o ar", Jehoel)

domingo, 10 de julho de 2011

Te Amo-Te (Explicando os “Te’s”)

Um “Te” para mim, “outro” para ti
Assim sem saber quem É quem
Seremos sabendo que somos mas desconhecendo quem

Um eixo no centro de um movimento de rotação
Acelera e desacelera, tem a ver com ritmo, vibração
O Anti-Rito, um Princípio de Fricção
As vogais continuam
As consoantes descontinuam
Se abrires completamente entras em colapso
É por graus de ejecção
Tu Sabes
Eu Te Amo-Te

Um “Te” para mim, “outro” para ti
Assim sem saber quem É quem
Seremos sabendo que somos mas desconhecendo quem