terça-feira, 3 de março de 2009

(Re)Alinhamento

Há pouco mais de um mês escrevi o seguinte a uma garota que até usava brincos em forma de Anjos:

(…) E sim, tenho andado inspirado. Deixas-te consumir ao longo dos anos e o pior que pode acontecer é acumulares tanta coisa negativa que a tua Alma deixa de poder morar no teu corpo. Depois quando deitas fora o que realmente não faz sentido guardar, ela vai voltando, numa experiência de progressivo realinhamento. Passas a escrever com Amor. É o que tenho feito. (…)

Hoje prossigo na senda das palavras, que são só minhas, desta minha preciosa Solidão que está à beira de ser partilhada com quem a souber Amar, com quem se souber deixar Amar, com quem tenha consciência da sua própria Solidão a partilhar.

Secular, aproximo-me cada vez mais da juventude, quando sinto que já não estou à beira de, mas que estou mesmo de facto.

Há algum tempo atrás, desdobrei-me em vários. Para fazer face à dor. E dei nome a cada um, a cada uma. E morámos separados, cada um para seu lado. E apontávamos o dedo uns aos outros, só porque não conseguíamos tolerar o facto de sermos a dor uns dos outros.

Fui atirado à água, com pesos amarrados às pernas. E disseram-me o seguinte: Agora vem á tona, ou morres. Agora é o momento, escolhe aquilo que realmente queres.

Quase me afoguei. Mas consegui vir à superfície. Mesmo com a crença de que já não tinha força, lutei por isso. E consegui.

Percebi que tínhamos que nos reunir, que nos aceitar, porque éramos todos Um, mas simplesmente não nos conseguíamos aceitar, tolerar. Como se a dor fosse tão aguda que tivéssemos que nos acusar de sermos a causa dos males uns dos outros.

Percebi que éramos Um só, e foi isso que se celebrou. Do Perdão mútuo, abraçámo-nos e voltámos a ser Um só. Em Amor, Amando.

Àqueles que foram os meus Eus mais queridos, dores de estimação, Brindo-vos com todo este Amor.
Hoje, são cada uma das belas Pétalas que trazem ainda mais beleza à minha Alma Corola.





Love (love) is a verb
Love is a doing word
Feathers on my breath
Gentle impulsion
Shakes me makes me lighter
Feathers on my breath

Teardrop on the fire
Feathers on my breath

In the night of matter
Black flowers blossom
Feathers on my breath
Black flowers blossom
Feathers on my breath

Teardrop on the fire
Feathers on my breath

Water is my eye
Most faithful my love
Feathers on my breath
Teardrop on the fire of a confession
Feathers on my breath
Most faithful my love
Feathers on my breath

Teardrop on the fire
Feathers on my breath

1 comentário:

Nuvem disse...

Pelas mãos de Eugénio de Andrade:


GREEN GOD

Trazia consigo a graça
das fontes quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce.


Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.


Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.


E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
duma flauta que tocava.

:)