quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Intimidade. Deitados. Espero-te adormecer no meu Abraço.

Percorro os teus cabelos. Faço-o com os meus dedos meigos. O sentir de um sedoso toque deslizar. Quente, sinto o meu respirar acariciar teus cabelos, tão próximo que estou de ti. Amoroso, procuro o teu cheiro. Beijo-te a cabeça, devagar, num gesto quase eterno, e ergo-me levemente só para poder ficar a olhar para ti. Tão Doce. Tão Serena. Mansa, Deusa da tua própria Alma, nenúfar da minha inspiração. Não sei bem se estás a dormir. Mas também não interessa. Porque não há nada que importe nestes momentos. Só o que permanece, e o que permanece é este estar. Que perdura. Saber que estou uno com a minha Alma, que tu estás una com a Tua, e que neste carinhoso calor que nos une os corpos redentores das nossas Almas, nos Celebramos, a cada momento, com este Amor Celeste num Palco Terreno. Sopro um quente bafejo, como uma ténue aragem com que te brindo. Beijo-te a orelha, delicadamente. Moves-te, subindo teus ombros, ligeira e levemente. Segredo um “Amo-te” tão brando, tão quente que se desvanece pelo caminho, como uma estrela cadente no preciso momento em que devota um milagre a quem a toma para si, para seu Íntimo. Tu sorris. E eu sinto a energia do teu Coração enternecer-se, entretecer-se com a do Meu. Aquela Serena Força que tremula pulsante no peito, no meu e no teu, como lume brando sobre ténues brasas flamejantes e duradouras. Suspiras. Quanta ternura. Aproximando-me um pouco mais, Abraço-te. E deixo que uma das mãos descaia sobre o teu Útero, onde aporta. A outra, de um braço que ampara tua cabeça, afaga teus cabelos. Voltas a suspirar, sai-te um murmúrio, e encolhes-te, como se te quisesses aproximar mais, como se pedisses que te abraçasse ainda mais, ternamente. Tão próximos os nossos corpos, juntos um ao outro, que se misturam num sossegado calor que se enleia entre eles. E sei que as nossas Almas se cumprem em seus corpos, com os nossos corpos, através dos nossos corpos. Tudo se apazigua ainda mais, sinto o pousar da Paz. E agora sim. Estás a dormir. Sei que sim. Porque começo a sentir-te entrar nos sonhos. Volto a segredar-te ao ouvido um ‘Cadente Amo-te Estelar’. E só a tua Alma se expressa, sem esboço de teu corpo, já adormecido. Deito a cabeça no travesseiro, e meus lábios ficam à beira de tocar teus cabelos, sentindo-os. Minha respiração quente mistura-se com o teu calor. Reafirmo cuidadosamente o Abraço, chegando-te a mim. Sussurro. “Sonhos Serenos”. Adormeço. Adormeço contigo.

(Por exemplo, Ágaetis Byrjun de Sigur Rós)

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