quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Bom dia, Manhã de Inverno…

(…) Acorda pela manhã. Sobe as persianas, corre as cortinas azuis a imitar uma das muitas tonalidades que pode ter o Céu. E sussurra ‘Bom dia’, lembrando uma promessa que procura concretizar a cada amanhecer da sua vida com cada vez mais devoção. Devota-se ao Amor que quer sentir por si próprio, porque só assim poderá algum dia Amar, e faz então a sua Oração. Sai-lhe da Alma, nunca o ensinaram, nunca foi preciso. Algures entre as colchas e lençóis está o “montículo de pelos” felino. A gata. Afaga-lhe a cabeça, coça-lhe carinhosamente o queixo, ela fecha os olhos em retribuição. Passa os dedos nas suas orelhas, estão frias. É normal, olhando pela janela dá para sentir, lá fora devem contar-se escassos os graus de calor. Mas a beleza desse típico alvor de Inverno supera todo e qualquer frio. Porque o verdadeiro frio não é o que está lá fora, esse como até já foi escrito, pode até acalentar, quando se reconhece que o verdadeiro calor vem de dentro. E se o Sol brilhar do Coração, então não haverá forma de descrever ou exprimir a beleza de um céu azul de Inverno. O cintilar feliz nos seus olhos prova-lhe que é assim mesmo.
A gata salta da cama e segue a sua vida quotidiana, felina como é, da cor da neve malhada. Ele deixa-se cair para trás e volta a deitar-se, olha para cima e tem à sua frente a visão do que pode fazer com a sua vida. Sorri. Apesar do frio, está mesmo calor. Isso fá-lo sorrir, para dentro. Acordar quente numa celeste preguiçosa manhã de Inverno. Isso fá-lo sorrir, contente. (…)

2 comentários:

Gustavo Jaime disse...

Poeta da sensibilidade táctil, do próximo às vezes tão longe, de habilidades para descrever a alma das coisas... grande Joel!

Unknown disse...

Como me assentou bem este Bom Dia. À minha medida ("à medida do próximo às vezes tão longe" assim mesmo), com gata e tudo (sorrio)
Obrigada pelas palavras inspiradoras Poeta da sensibilidade.
Bem hajas e Bom Dia
AnaMel