quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Fiel

Confesso
Naquela noite estava inquieto
Saí para a Estrada
Foi-se diluindo a ansiedade, então,
Quando cheguei, no Silêncio me abriguei
E acalmou-me o som da coruja
O bulir do vento por entre árvores
O abraço das Presenças invisíveis
O estrelar de um céu aberto de Inverno
O frio paradoxalmente acalentador
O incenso que ofereci aos SemiDeuses que sempre me consolam de cada vez que me sinto demasiado humano para chegar a Deus
Agradeci (Obrigado)
E quando voltei
Fui recebido com a naturalidade de um Olhar que sabe Brilhar (Obrigado)
Fiel


1 comentário:

Nuvem disse...

Oiço falar da minha vocação
mendicante e sorrio. Porque não sei
se tal vocação não é apenas
uma escolha entre riquezas, como Keats
diz ser a poesia.
Desci á rua pensando nisto,
atravessei o jardim, um cão
saltava á minha frente,
louco com as folhas do outono
que principiara e doiravam
o chão. A música,
digamos assim,
a que toda a alma aspira,
quando a alma
aspira a ter do mundo o melhor dele,
corria á minha frente, subia
por certo aos ouvidos de deus
com a ajuda de um cão,
que nem sequer me pertencia.

Eugénio de Andrade