Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia… E, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Desnudávamos a roupa que dissimuladamente nos trajava do pudor que não queríamos para nós de modo algum. E em pleno impudor nos enlaçávamos num Abraço ora crescente, ora minguante, peito a peito. Meu calor ao teu e o teu ao meu, contíguos e alagados… Só isso…
Banhavas-me em Água de Rosas, para lavar meu Coração, dizias tu. E envolvias de carícias zelosas meu corpo fumegante à medida que seguias deslizando e deitando tua encarnada sedução sobre essa minha rendição. Saber Ser Mulher… É isso…
Teus dedos crepitavam esses símbolos de amor, encantos que só tu sabias lançar, e que ficavam desenhados vivos na minha pele, tela da tua arte, a Arte de Amar. E quando a tua obra te envolvia, deixavas-te engolir… Por isso…
Sedosos, teus lábios ora se mordendo em mistura a um sorriso de prazer, ora expirando maviosos gemidos cantados sobre a transpiração desse tema, eclipsávamos quando deixava de saber em que parte de mim começavam ou acabavam teus seios desaguados… Isso…
A recordação permanece.
E porque sou um Estudioso de Nós na descoberta destas Danças de Fusão que perpetramos, aqui fica mais um capítulo, adornado, do nosso Memento Sensual.
(...)
(...)
Memento (latim memento, lembra-te) s. m. 1 Oração eclesiástica que principia por aquela palavra. 2 Livro de lembranças, agenda onde se anota o que se quer recordar. 3 Obra em que estão resumidas as partes essenciais dum assunto, duma ciência.
Deslizo sobre ti, Melodia. Sempre que embarcamos nessa ‘Metamorfose Ambulante’ em que nos tornamos. Tamanha Alegria. Beijo a beijo, contorno tua cintura inteira. E tu só tens que fechar os olhos e curtir a delícia…
Tu? Queres que te explique como és?... Posso tentar…
É como se irradiasses. Cada poro do teu corpo transpira a tua Alma. Isso é verdadeiramente milagroso quando vivemos num mundo onde a maior parte das Almas vivem asfixiadas em corpos blindados.
Mas se tentasses sentir o Silêncio aquando da minha presença perante ti, aí sim, terias a resposta que procuras…
A Cidade das Sete Colinas. Ruas íngremes, velhas de tantos séculos de estórias e História acumuladas. Subiam os dois a dura calçada em direcção ao anunciado miradouro. Depois haviam de entrar em mais uma das inúmeras ‘Casas de Deus’ que haviam integrado no seu roteiro da ‘Fé’. Ela arfava, dava passos pesados em profundo esforço, como se as pernas lhe pesassem toneladas. A situação desconcertou-o. - Porque é que estás a andar tão rápido? Protestou em favor dela. - Porque estou cansada e assim chego lá mais rápido. - Mas assim vais ficar ainda mais estafada. Franziu todo o seu rosto perante aquilo que não sabia ser falta de discernimento ou pura estupidez. Ainda não repaste que já mal consegues respirar e andar ao mesmo tempo? - Sim, mas se me despachar chego lá acima mais rápido para depois descansar. - E já te ocorreu que por esse andar vais chegar lá acima tão cansada que provavelmente nem vais conseguir desfrutar decentemente o que vais encontrar? Já para não falar do que não estás a ver à tua volta? Quais ouvidos de mercador, ela nem olhou, manteve-se rígida e linear no seu caminho, em manifesta dificuldade. Ele encolheu os ombros e remeteu-se ao silêncio. Paciência. Cada qual aprende como quer e quando quer. O tempo dela há-de chegar. Chegará assim que ela quiser. Meu dito, meu feito. Ao chegarem ao destino ela despojou-se num banco onde ficou recobrando lentamente, como se o oxigénio todo do mundo não lhe chegasse. Ele foi à sua vida, circulando pelo pátio, gozando a vista sobre a cidade, observando as pessoas e seus movimentos ao redor. Saber andar é saber estar…
Quase toda a gente determina um ponto de destino e esquece o Caminho em si, quando esse é a única coisa que importa. Quase todos os percursos de vida, até a própria experiência da Intimidade, são engavetados nesta perspectiva de correr para obter. Criam-se expectativas em torno de pontos a atingir que não passam de ilusões, fazendo com que a pessoa deixe de viver o momento presente, esteja sempre errando algures entre o passado e um futuro que na verdade não existem, e inevitavelmente desemboque no vazio da decepção a cada vez que atinge uma dessas metas fictícias. Grande parte da ansiedade e tristeza vêm precisamente dessa percepção da vida, dessa incapacidade em ter entendimento e coragem para viver o único momento que existe, o Presente. Olhando as palavras de Dan Millman, The journey is what brings us happiness not the destination.
Budismo: O ódio nunca é diminuído pelo ódio. O ódio só diminui com o amor – Esta é uma lei eterna.
Cristianismo: Se perdoares aos outros as ofensas que te fizerem, o teu Pai celeste também te perdoará a ti; mas se não perdoares aos outros, então as ofensas por ti cometidas não te serão perdoadas pelo Pai… “Senhor, quantas vezes me ofenderá o meu irmão e eu terei de perdoá-lo? Sete vezes?” E Jesus respondeu-lhe: “eu não digo sete vezes, mas setenta vezes sete.”
Hinduísmo: As pessoas de mente nobre dedicam-se à promoção da paz e da alegria dos outros – mesmo daqueles que os magoam.
Islamismo: Perdoa ao teu servo setenta vezes por dia.
Judaísmo: A coisa mais maravilhosa que um homem pode fazer é perdoar o mal.
Perdoar não é esquecer. É aceitar, compreender e transcender. Ou como me foi angelicalmente sussurrado aos ouvidos da Alma: Liberta-te das emoções de baixa vibração... Transforma a dor, o ressentimento, a angústia, a mágoa... Transformar é aceitar e compreender e não passar por cima. Não existem interruptores. Vai fundo dentro de ti e vê, sente com todo o teu corpo, espírito, mente...
(Nota: as citações de cada uma das diferentes Tradições Espirituais foram retiradas de A Divina Sabedoria dos Mestres de Brian Weiss)
A luz que entra pelas ranhuras geométricas das persianas aterra em ti sob a forma de tatuagens espectrais. Aquece o teu corpo destapado pelos lençóis devorados da nossa cama. Tanta paixão que se alguém nos visse diria que nos esquecemos do Amor. Mas nada disso. Somos o Amor Apaixonado. Amorosos e Endiabrados. Voluptuosos e Concatenados.
Agora descansamos, depois de uma noite em que não permitimos aos nossos corpos pousar. De êxtase em êxtase, deixámos a carne esvair-se. E assim, fomos à Alma, lá andámos, por lá ficámos. Esgotados, estacionados, uma Alma é o que somos agora.
A tua perna sobre as minhas, tua cabeça aninhada em meu reduto. Dormimos. E do Outro Lado há quem nos observe em puro deslumbro, quem nos Celebre, por tudo o que Celebramos durante toda a Noite.
Agora, é esse o Silêncio que se faz, em reverência aos Amantes Extáticos. Nós, que dormimos, depois do Amor, continuando a Amar.
Quando a noite já é senhora. Eterifico-me e vou até Ti. Rodopiando ao redor de tua silhueta, toco-te como uma brisa energética que te despe. Aceito o convite, assento em teu corpo, e perpasso-te como água ensopando os interstícios da terra. Misturamo-Nos. Sentes, sim, Sentes. Sou Eu. Acaricio-te a Aura. Toco teu Lótus de Cores Vibráteis. Dou-te um Beijo de Sândalo no âmago de tua Intuição. E despontas então do teu sono para um Sonho. Eterificas-te, e Somos. Rodopiamos, pura Energia, Imiscuídos em Amor.
Jardim dos Sete Suspiros. Um tapete de grama protegido por uma escolta de árvores seculares. São tão antigas que dominam todos os idiomas dos homens que por ali passaram. Porque os homens, esses, são efémeros apesar de suas Almas Eternas…
De um lado o portão confinado entre muros reforçados por arbustos esculpidos. Do outro um palácio branco, que á noite ganha a miríade de tons arremessados pelos holofotes toscos que projectam sobre ele sua luminosidade artificial. A Luz propaga-se infinitamente. Não obstante meus olhos vejam feixes finitos, minha Alma capta integralmente essa infinitude, pois é feita dela…
Os passos que se desejariam mudos são ruidosos, denunciados pelo crepitar das primeiras folhas caídas. As mais frágeis, poder-se-á pensar, pois pereceram ao sopro premonitório do Outono. Se isso faz delas as mais fracas não é a mente do homem que o dirá, nem a da mulher, só a de Deus residente no interior de cada um desses, mas massivamente esquecido. Não há como deixar de pisá-las, na verdade, não há essa intenção sequer. É uma maneira legítima de quebrar o emudecimento que subjaze imperial ao ténue vento que ali sopra. O Espíritos que aqui pululam segredam-me Orações ao ouvido, e por isso me arrepio…
Sento-me nas escadarias que dão de frente para o gramado. Mentiria se dissesse que a pedra está fria. É simplesmente pedra, nada mais que isso. A natureza não se reprime e é bem verdade, pois entre os lanços de escadas, correntezas de musgo e pequenas flores miniaturizadas irrompem compondo uma tela que é linda de viver pelo óbvio do seu paradoxo. Mas como é noite dormem, as pétalas fecham-se tapando a corola, formando uma concha floral que neste preciso momento pode até estar a Sonhar…
Mas o que fecha a Cúpula que aqui se manifesta é a escolta de árvores. São entidades atentas, contadoras de estórias. Mas quase ninguém as consegue ouvir. Tempos houve em que muitos tinham essa capacidade. Hoje não é assim. Hoje o ruído é tanto que as pessoas não conseguem ouvir os seus próprios pensamentos, quanto mais a Sabedoria Arborescente. Por isso, elas resguardam-se num silencioso secretismo para esses surdos que só é pena não serem também mudos. Mas eu que a cada dia caminho para me libertar da cegueira e da surdez ouço sussurros que ainda não sei interpretar…
E são essas folhas caídas que ao se quebrarem anunciam através de faíscas de som o advento do Outono. É chegada a altura de morrer. Parece claro que é isso que venho aqui procurar, convidar a morte a levar tudo o que é defunto em mim. Plutão, Arcanjo da Morte. Venho aqui para morrer… Que ‘eu’ morra, para então Renascer.
Um dos maiores problemas do ser humano tem sido a dificuldade em passar da representação à acção. Uma grande parte da humanidade ainda não percebeu que isso é um ponto fundamental. A representação só faz sentido se for conscientemente encarada como sendo um ponto de transição, um momento de preparação para a aquisição de experiência.
O ritual do baptismo católico é um exemplo disso mesmo. É uma ‘brincadeira’ um acto inócuo porque não passa da representação de algo maior, refiro-me a um Iniciação mística com verdadeiras implicações físicas, psíquicas e espirituais.
Outro exemplo é a mitra do papa que não é mais do que uma representação do halo energético emitido pelo chacra de coroa identificado nos seres Iluminados. Neste caso concreto, temos a figuração da Iluminação sem a sua efectivação.
Assim, grande parte da Humanidade, ao longo do tempo, tem vindo a ‘brincar às coisas’ em vez de se ‘fazer as coisas’.
Quando olhamos para o Sol ficamos com uma mancha gravada na retina. Façamos o que fizermos, tenhamos os olhos abertos ou fechados, essa impressão permanece durante algum tempo antes de naturalmente desaparecer. A nossa mente é semelhante, funcionando tal e qual um órgão sensorial. É uma película sensível que regista todos os movimentos internos e externos sob a forma de pensamentos. Esses ficam gravados nela com maior intensidade quanto maior for a emoção associada aos mesmos. É fundamental perceber isto: a emoção é o combustível que alimenta os registos mentais.
A partir daqui entende-se a lei da atracção, porque é neste princípio que assenta: os pensamentos que alimentamos com emoção (seja negativa ou positiva) permanecem registados mais tempo nessa fina película atraindo a sua semelhança. Ou seja, os pensamentos residentes na mente funcionam como navegadores de bordo que conduzem a pessoa à manifestação da sua equivalência no mundo físico. Quanto maior for a carga emotiva, mais rapidamente seremos conduzidos (de coincidência em coincidência) à concretização do teor dos pensamentos que alimenta.
Depois de compreender isto seguem-se dois passos. O primeiro é repolarizar o negativo em positivo. O segundo é a Libertação: reconhecendo que negativo e positivo são duas faces da mesma moeda, uma moeda que em última análise não existe, deixa-se de dar atenção aos pensamentos, sejam eles quais forem; tal como as manchas de radiação solar na retina, naturalmente desaparecerão sem que por isso se dê conta.
O mais difícil de compreender, de aceitar, foi que há pessoas que não mudam aconteça o que acontecer ou por mais oportunidades que lhes sejam dadas. E o tempo que demorou até que eu conseguisse compreender e aceitar isso, foi o tempo em que também eu não fui capaz de mudar, em que desperdicei oportunidade atrás de oportunidade, e que não consegui ser flexível e fluído, tal como a Vida, tal como o Universo, tal como "Deus".
...tenho por princípios Nunca fechar portas Mas como mantê-las abertas O tempo todo Se em certos dias o vento Quer derrubar tudo?...
Sudoeste, Adriana Calcanhotto
(…)
Passeias pela rua da noite com uma música a povoar-te a cabeça e só descobres isso quando chegas a casa e a encontras a insinuar-se com o improvável. Escreves um texto que se te escapa ágil por entre os dedos comandados, mais um testemunho do teu Coração gravado num papel que já se preparava para albergar um desenho. A pergunta havia sido feita, a resposta logo veio, mais cedo ou mais tarde tudo acaba por vir à tona. - As coisas chegam não quando as queres, mas sim quando as podes receber.
(…)
Quando há ressentimento, ao pensares que estás a fechar a porta a uma pessoa indesejável na verdade estás a fazê-lo a outra que gostarias que entrasse. Deixa-te guiar pela compreensão e chegarás ao Perdão, logo a seguir virá o Amor. A partir daí deixará de haver portas para abrir ou fechar, só um Espaço imensamente amplo que habitarás com quem Amas e quem te Ama incondicionalmente.
Somos como corpos celestes, pulsamos a cada instante numa troca contínua com o meio que nos rodeia. O corpo respira Oxigénio, a Alma Amor. E o que é o Amor? É o nome que Poetas e Místicos encontraram para essa Energia que nos envolve e que somos Nós.
Disseram-me que o mundo está prestes a acabar. Eu digo que não. Porquê? Porque não me apetece. Porque isso não vem no meu guião. E só por capricho, só para contrariar, mesmo que isso faça com que seja do contra, apetece-me ser Feliz. E como tal vou sê-lo! Na verdade, de algum modo, mesmo que somente a momentos, já o Sou. E ainda agora tudo (re)começou…
(...)
Só queria correr descalço pela areia e o mar veio molhar-me os pés Fechei os olhos, confiei, atirei ao acaso, saquei a melhor foto de sempre Escrevi combinações aleatórias de palavras com canetas de várias cores, no final ganhei uma declaração de Amor Deixei de querer ser um Anjo, subitamente ganhei asas, voei e chovi Milagres Aceitei que afinal não era capaz de Perdoar e logo a seguir Perdoei Desisti das capicuas, passei a vê-las em todo o lado, a toda a hora Reconheci que afinal ainda não tinha o que é preciso para Amar, descontraí, e num instante Amei Olhei para Ela sem intuitos e recebi o Beijo da Luz no seu Olhar, foi Amor Tanto tempo na berma da estrada qualquer boleia servia, mas apareceu-me um avião…
E continuei, e continuei, e continuei, sem parar, sem me importar…
O que fiz?...
Fiz o que tinha a fazer como se houvesse apenas Eu e o mundo, o mundo e eu, no final todos ovacionarem sem que tivesse reparado que havia sequer alguém ao meu redor
(...)
Amazing
I kept the right ones out And let the wrong ones in Had an angel of mercy To see me through all my sins There were times in my life When I was goin' insane Tryin' to walk through the pain
And when I lost my grip And I hit the floor Yeah, I thought I could leave But couldn't get out the door I was so sick n' tired Of livin' a lie I was wishing that I would die
It's amazing With the blink of an eye You finally see the light Oh it's amazing When the moment arrives You know you'll be alright Yeah it's amazing And I'm saying a prayer For the desperate hearts tonight
That one last shot's a Permanent Vacation And a how high can you fly with broken wings Life's a journey - not a destination And I just can't tell just what tomorrow brings
You have to learn to crawl Before you learn to walk But I just couldn't listen To all that righteous talk oh yeah I was out on the street Just tryin' to survive Scratchin' to stay alive
It's amazing With the blink of an eye You finally see the light Oh it's amazing When the moment arrives That you know you'll be alright Oh it's amazing And I'm saying a prayer For the desperate hearts tonight
"So, from all of us at Aerosmith To all of you out there, wherever you are. Remember- the light at the end of the tunnel May be you. Goodnight!"
- Há uma coisa que tens de compreender antes de te propores a fazer o que quer que seja. - O quê? - Os pais não se 'amam', aceitam-se. Só depois de os aceitar poderás 'amá-los', e se for esse o caso. Ao contrário do que quase toda a gente diz, a família não tem a ver em primeiro lugar com o “sangue”. A família é feita daqueles e daquelas que estão sempre presentes, com quem temos uma ligação Espiritual. É importante perceber isso. - A tua família é o grupo de Almas com quem escolheste Dançar esta Dança Cósmica.
(“home is wherever we are, if there's love there too”)
Às vezes nossa família biológica não é a nossa verdadeira família. Nossos pais ou nossos parentes podem não nos compreender. Podem mesmo não manifestar amor e carinho por nós. Podem rejeitar-nos e maltratar-nos cruelmente. Não somos obrigados a suportar o maltrato ou o desrespeito. Não há débitos a serem saldados que justifiquem os maus-tratos de ninguém. Merecemos ser amados e respeitados.
À medida que crescemos, podemos nos ver cercados de amigos e de pessoas que tenham por nós um carinho genuíno, que nos propiciem a segurança que vem da certeza de sermos amados e tratados com dignidade e respeito. Esses amigos e entes queridos se transformam na nossa verdadeira família. Eles também podem compartilhar connosco dos mesmos valores espirituais e nós podemos ajudá-los a evoluir positivamente. Essas pessoas serão nossa família espiritual. Se formos rejeitados por nossa família biológica, a família espiritual nos acolherá, cuidará de nós e se tornará a família que realmente importa.
Há um velho ditado inglês que diz que o sangue é mais espesso do que a água. Isto significa que, em tempos difíceis, nossos amigos e conhecidos podem se afastar, mas que poderemos sempre contar com aqueles que têm o nosso sangue para apoiar-nos.
O sangue é de fato mais espesso do que a água, mas o espírito é mais espesso do que o sangue. Poderemos sempre confiar em nossa família espiritual para estar ao nosso lado.
Não estou dizendo para abandonarmos nossa família de origem ou deixarmos de manter com ela uma relação amorosa e solidária. Mas insisto na importância de ficarmos atentos para não sofrer violência ou desrespeito físico e emocional. É inadmissível pensarmos que o desrespeito possa ser tolerado porque vem de alguém da família, da comunidade ou do grupo religioso.
Ame a si tanto quanto ama os outros. Merecemos ser amados, apoiados, respeitados. Se a família biológica nos trata assim, é óptimo. Se não, e se os nossos esforços para alertá-la e fazê-la mudar de atitude falharem, devemos abandoná-la e procurar outra família, nossa família espiritual.
- Como é que tu lidas com o instinto de caçador que vem do bicho que há em ti!? - O bicho? Fez-se desentendido. - Ê pá, não me venhas com merdas espirituais! Estás encarnado num animal, tens pulsões, uma delas é a de caçar! Como é que lidas com isso!? - Ah, já entendi! Respondeu sem desviar a atenção do pente com que espalhava a parafina no dorso da prancha. - E então? - Queres mesmo saber? Retardou calma e propositadamente, fingindo uma certa falta de interesse na resposta que pudesse vir. - Sim, porra! Não enrroles! Riu ligeiro, o compasso tinha sido só mesmo para vê-la irritada. Não há dúvida que a beleza de uma mulher se enaltece quando ‘se lhe sobem os calores’. - Sou um caçador de ondas! Deteve-a no seu olhar incisivo. Às vezes entro no Mar e vou para uma caçada. Sei que posso conseguir tudo ou nada… Sei que cada onda que vem é uma caçada. Pode correr bem se a apanhar, pode correr mal se a perder ou for apanhado. Toda a irritação se foi, sorriu, com os lábios e com os olhos, um brilho que dedicou ao oceano à sua frente. Estava na hora de entrar.
Enquanto isso, sem passado nem futuro, apenas presente, jogados os cadernos fora, aprendo a viver recuperando do choque de ter descoberto que pouco ou nada sabia quando julgava já quase tudo saber…
Enquanto isso, sem olhar presto atenção aos detalhes, pequenas coisas, milagres aparentemente ocultos, mas que existem desde que me comprometi a deixar de ter medo de me comprometer…
Enquanto isso, de peito aberto, namorando com a Liberdade, revelam-se situações, as pessoas acontecendo, belas e sorridentes, como nunca antes tinha acontecido só porque para aí não estava virado…
Enquanto isso, desfrutando dos prazeres supostamente banais, sensitivos e sensuais, todas essas delícias, começando a perceber o quão bom pode ser isto de estar encarnado, e ainda agora começou…
Enquanto isso, sons cadentes, cadências sonantes, dançando danças que nunca havia dançado por simplesmente nunca ter ousado, dois corpos brincando aos pontos de intersecção, não sei se me entendem…
Enquanto isso, sem receio de jogar cartas a despeito das consequências, andando como quem viaja, comendo o que me apetece, sem problemas em deitar tarde e não acordar cedo, só porque quero só porque sim…
Enquanto isso, digo à Água que a Amo durante o banho e lavo-me de tudo o que nunca me tinha atrevido a lavar, ganhando anos-luz de vida, sobejamente mais do que aqueles que julgava ter desperdiçado mas que afinal não perdi porque nunca existiram sequer…
Enquanto isso, amoroso, descalço-me em qualquer lugar, basta sentir um querer, e apresento o chão aos pés, fresca ou seca é terra o que está debaixo da relva, é aqui que estou, é aqui que vou estar, nem mais nem menos, é aceitar…
Enquanto isso, escreveria e continuaria escrevendo, mas não posso porque não o sei fazer, a diferença é que antes queria e agora já não quero mais, tudo porque decidi tão somente viver e, até que deixe de haver sentido, é e será esse o meu partilhar…
Sabes há quem pense que o vento diz coisas… é muito mais poderoso que isso. Claro que tem uma voz, mas o seu código é tão difícil de compreender que as palavras humanas não o decifram. As propriedades de que te estou a falar são outras. Sabes… é que além de silenciar a mente, de a deixar descansadinha e contente por só lhe sobrar espaço para escutar as suas rajadas, ele entra em jeito de redemoinho pelo teu corpo, limpando e absorvendo os espíritos maus. Retira-os imperceptivelmente e, uma vez no ar, seguem o seu rumo para outros corpos, agora celestes, diluindo-se até que desapareçam por completo, sem qualquer possibilidade de te voltarem a habitar.
"O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham para ti. No final das contas, vais achar não quem estavas à procura, mas quem estava a procurar por ti!"
Lutar pelo mundo é lutar pela manifestação do mundo próprio. Tal como salvar o mundo é salvar-se o mundo próprio em primeiro lugar.
Sim, confesso que quando era “miúdo” houve uma altura em que quis ser como o Che Guevara. Sempre senti que o mundo precisava de uma mudança profunda, de quem estivesse disposto a lutar por ele nesse sentido. Só não me imaginava com uma arma na mão ferindo, quanto mais matando gente. Mesmo sabendo que não vivo propriamente numa dimensão angelical, isso nunca fez sentido. E se todo o ídolo tem pés de barro, foi precisamente isso que fez ruir (e bem) os do Che perante mim. Nunca aceitei que pudesse ter como referência alguém que conduziu e perpetrou execuções sumárias, por mais “nobres” que fossem as intenções. Mergulhando na sensibilidade e no ideal desse homem, não lhe apontei o dedo mas vi claramente que esse jamais poderia ser o caminho de base para uma revolução que trouxesse a diferença, que instaurasse uma sociedade mais bela e equânime. Se esse tipo de limpeza algum dia for necessária, acontecerá, sem que caiba ao Homem fazê-la (pelo menos conscientemente). Uma Sociedade, uma Civilização erguem-se a partir da sua base, tal como uma árvore a partir da semente e de como e onde essa é plantada. Portanto, nunca se poderá edificar algo de bom se a raiz em causa for assente em equívocos, dogmatismo, sangue, dor e sofrimento.
Os anos passaram, a vida fluiu, aprendi a meditar, a observar o Universo e a (minha) mente. Foi então que percebi. O mundo continua a precisar de uma revolução, mas diferente de todas as outras que já ocorreram. O que o mundo precisa é de uma Revolução da Consciência. E isso é um processo que não vai partir da massa para o singular, mas sim desse para o todo. Só assim tudo mudará, como nunca antes, para melhor. Ou seja, quando a Consciência individual de cada um evoluir até um patamar em que se respeite a si e aos outros, pelo reconhecimento de que todos (sem excepção) têm Essa Partícula Divina no interior do seu Coração.
A boa notícia é que isso já está acontecendo, independentemente de doutrinas, tal como faz sentido que aconteça: começando no Despertar Espiritual de cada um.
Aquelas que poderiam ser as ‘más’ notícias acabam por nem o ser. Tem a ver com a parte que de algum modo continuará oferecendo resistência, pelo medo da mudança, movida pelas ilusões com que ela própria se tem hipnotizado. Porém, os seus esforços serão infrutíferos, pois mesmo que em alguns momentos consiga conter não poderá jamais impedir o que não é possível de ser impedido.
A verdade é que os dados já foram lançados, há algum tempo até... A transformação está em curso. A Revolução está a acontecer e é a da Consciência.
Voam como uma formação de pirilampos irradiando caudas de Luz que tatuam o Éter com a magia da imperceptibilidade. Um coro de Anjos sopra por entre as ramagens um canto que não é deste mundo, mas ecoa nele. O Universo é uma colecção de Vibrações que quando assumem cor se transformam no arco-íris. O Universo é um jogo de Vibrações que quando se manifestam em som se transformam em música. O Universo é isso, um Mar de Vibrações. Treinemos a atenção, pois tudo será de quem souber ‘ver’, de quem souber ‘ouvir’, de quem souber Estar, Vibrando.
Agora que estás em plena Floresta de Bambu Delicia-te com o musical assobio da brisa Que pela Ramagem perpassa... O que é a Vida, senão isso?... Concentrares-te de Coração no seu Som! Por isso, Entrega-te a essa Delícia Sinestésica
Há um silêncio em cada nova esquina que conheço de Ti Silencias-me
De cada vez que te percorro e penso que já sei quase tudo, descubro-Te além do que pensava já saber E como sabe bem…
Então conheço-Te em novos paladares como se jamais pudesses ser derradeira no que quer que seja, caprichos Apetece-me Cores e Sabores, E Dissolvo-Me Dissolvendo-Te, Dissolvemo-Nos…
Amo-Te na tua Divindade, começando em sua manifestação carnal Amo-Te.
(São Chamamentos que ninguém descodificará, senão Tu. Pois que é a nossa “frequência”, só Nós a “ouvimos”)
Em busca de um mestre, dos ensinamentos da verdade
Viajou por todos os países, místicos e não-místicos, do mundo
Estudou todas as escrituras, sagradas e não-sagradas, do mundo
Até ao dia em que morreu tal como viveu, estúpido
Porquê?
Porque em tantas viagens e estudos não conseguiu perceber que o Mestre era Ele próprio, que a Verdade estava dentro de Si.
O mestre real cria mestres, não seguidores. O mestre real atira-o de volta para si mesmo. Todo o seu esforço tem por fim fazer de si alguém independente dele, porque você tem sido dependente durante séculos e isso não o leva a lado algum. Você ainda continua a tropeçar na noite escura da alma. Só a sua luz interior se pode tornar uma alvorada. O falso mestre persuade-o a segui-lo, a imitá-lo, a ser apenas uma cópia a papel químico dele mesmo. O mestre real não vai permitir que você seja uma cópia a papel químico, ele quer que você seja o original. Ele ama-o! Como é que ele o pode tornar um imitador? Ele tem compaixão por si, ele quer que você seja absolutamente livre – livre de todas as dependências exteriores.
Semeando, cuidando e apreciando Flores no descampado ajardinado do teu Corpo,
Tem a ver com essa colecção de brilhos que escondes no entretecido colorido dos teus cabelos, mas que não consegues esconder de mim,
E enquanto escrevi sobre Ti, e enquanto estive em Ti, a chuva fez-se sem que deixasse de haver Sol, E do Ventre desse Acontecimento, jorrou um Arco Íris com as cores e nos tons de teus Ais.
Quantas vezes na tua vida disseste "Eu Amo-Te", ouviste dizer-te "Eu Amo-Te", e sentiste uma onda de calor inexprimível brotar do teu peito e propagar-se inimaginavelmente por todo o teu corpo deixando-o sintonizado num inenarrável Pulsar?
Se a resposta é "sim", boa!, podes ir sem ter que voltar.
Se a resposta é "não", enfim!, só tens que continuar até que o consigas para que então não tenhas que regressar.
- Às vezes não sei bem onde estou. Queixou-se tão deliciosamente feminina. - Tu estás onde estiver a tua mente. Respondeu lacónico. Ela ficou calada, esfregava as mãos, uma na outra, na tentativa de resistir ao frio da respiração arbórea que gerava a atmosfera daquele recanto de bosque com vista para o horizonte e que tinham escolhido para caminhar e conversar. Ele reforçou o aconchego do cachecol ao redor de seu pescoço, cobrindo parcialmente seu queixo. - Para dizer a verdade às vezes não gosto lá muito quando pareces um profeta ou um daqueles mestres, sei lá… Os passos sincronizados dos dois sobre a terra húmida que assim emanava o seu cheiro, era o que se ouvia, como se fossem só eles e a cadência de seu andar sob o albergue contínuo das copas das árvores. - A tua mente funciona como um órgão reflexo, reage ininterruptamente, está em constante movimento, sempre que ela se expande numa direcção deves tomar consciência e voltar a ti, porque tu não és a tua mente. A chave é essa, não te identifiques com a tua mente porque tu não és ela. Enquanto não inverteres isso serás instrumentalizada por ela, quando por natureza é ela o instrumento. Com as suas palavras haviam saído nuvens de vapor de água de sua boca, reflexos de um dia de Inverno, anunciando o calor que brotava de seu Íntimo, prova de que falara desde sua Alma. Aos olhos dela nem por isso, mas à luz de seu Coração de mulher, quase jurava que tais nuvens haviam tomado as formas das palavras que materializaram. - Onde estou eu agora, meu bem? A pergunta saíra-lhe já imbuída de compreensão, fruto do entendimento, quase como que um suspiro, pedindo somente um pouco mais de esclarecimento. - Se a tua mente estiver numa pessoa, é com ela que estás e não contigo. Se a tua mente estiver numa situação, é aí que estás e não no teu aqui. Se a tua mente estiver no passado, é nesse tempo já extinto que estarás a viver e não no agora. Se a tua mente estiver no futuro é nessa projecção que existirás e não no teu imediato. - Então e… onde é que devo estar? Postou já ciente da resposta, mas apenas por querer ouvi-la pela voz daquele homem. - Em ti, no teu corpo. No presente, no agora, neste preciso instante. Com Força de Espírito, ela deu-lhe a sua mão, procurando entrelaçar os seus dedos com os dele. Assim foi. De mãos dadas por dedos entrelaçados, prosseguiram sua lenta e meditativa marcha pela floresta.
Uma das vias mais seguras de recebermos mensagens importantes passa por escutarmos aquilo que nós próprios dizemos aos outros. Relendo uma carta que escrevia chamou-me a atenção o seguinte excerto:
(…) É também interessante porque ontem fui até à Basílica de Mafra (…), adoro ir àquele lugar, inspira-me. Quanto mais monges indianos e mestres budistas conheço, mais perto me sinto do Cristianismo e de Jesus. Paradoxalmente (ou não), isso desenvolve para um sentimento de que não há gurus nem instituições, mas sim religião (o ‘re – ligare’ do homem com o Deus em si, da mulher com a Deusa em si). Que só há Amor e que é isso que devemos praticar (…).
Lembro-me sempre das palavras de Sua Santidade o Dalai Lama, quando tive o privilégio de o ouvir a escassos metros de mim. “O meu conselho é que se mantenham fiéis à vossa Tradição. Mudanças abruptas são quase sempre acompanhadas de confusão (…) Apesar de ser importante conhecer e até mesmo estudar outras Tradições, façam-no conservando sempre a vossa Tradição de raiz.”
Parece ser mais fácil encontrar o Sagrado partindo de uma Referência. Se já temos essa Referência (Jesus, Buda, Krishna, Shiva, Maomé, etc.), o melhor é não andar a mudá-la porque é a partir daí que daremos o salto seguinte e mais importante: largá-la para encontrar e “agarrar” a Divindade em nós. É como quando a criança passa a andar de bicicleta sem as rodinhas de apoio. Esse é o momento mais importante, ou de outro modo a Referência passa a ser uma prisão, representando o medo de ir além pelo seu próprio pé.
No fundo foi isso que todos esses grandes mestres vieram ensinar: não sigas a mim mas sim ao teu Coração.
Enfim, há que saber estar na vida... Ando a tentar aprender isso e quando se sentem avanços a Luz torna-se muito mais manifesta. Antes tinha as minhas dúvidas em relação ao Serviço, a ajudar os outros, talvez tivesse um pensamento muito extremado. Hoje em dia sei que Servir é um Estado de Espírito, uma Comunhão. Se desde o primeiro momento em que acordares até ao momento em que te deitares, pensares que cada passo teu é dedicado ao bem de todos os seres, se nesse processo fores fiel em relação à tua Alma, ao teu Coração, ao teu Íntimo, então isso é Servir. Ou seja, não tens necessariamente que fazer voluntariado num ermo qualquer onde às vezes as pessoas nem sabem valorizar a tua presença, não tens que viver em função dos outros, muito pelo contrário, tudo começa em Ti e só em Ti.
Serves quanto Te Amas, quando te comprometes a Crescer até seres Pura Luz e então partilhas. Serves quando te libertas de culpas e preconceitos que nem sequer existem e te permites à auto-descoberta. Serves quando dás o passo de ir além dos dogmas, aceitas a Verdade que vive em ti, e vives de acordo com essa Lei. Serves quando aceitas viver o Presente e só o Presente. Serves quando tens a coragem para aceitar que és Deus.