domingo, 24 de abril de 2011

Textos Encriptados: O Ilustrador.

O Ilustrador (Tomo I)

Era uma vez um rapaz, que ainda agora aqui tinha chegado, mas que já estava farto de se sentir cansado. Queria que tivessem contado estórias sobre ele, mas acabou contando estórias sobre todos os outros. Das ilustrações mal ilustradas que ilustrou, aos olhos de quem nunca soube ver, pouco ou nada restou. Então procurou, procurou, procurou. E para seu espanto achou. Mas isso… Bem, isso é segredo. Cabe então aqui o ponto “final”.

O Ilustrador (Tomo II)

Brilha, brilha, brilha, brilha, brilhaaaaa… até que brilhou. Gerou pedras preciosas dos buracos negros que no céu desenhou, furando-o com pincéis hábeis ensopados em tintas mágicas. Tão fortes, tão poderosas, que tornaram todas as anteriores andrajosas. Que encanto o espanto que gerou nos entrementes de todos os que eternamente se haviam sempre armado em descontentes. Mostrou-lhes que a coisa é mesmo em si, que tudo rola em direcção definida, que a chuva cai primeiro do Sol e só depois do firmamento. Mas foi preciso um cataclismo para que acreditassem.

O Ilustrador (Tomo III)

Escreveu uma estória sem final. Tudo o que queria era que o escutassem afinal. Mas depois de tantas voltas ao redor de nada, fez cuspir faíscas de um ventre lunar e todos as tomaram por fogos de artifício. Nada mais genial.

O Ilustrador (Tomo IV)

Ele teve a coragem de ir ao outro lado. Por lá ficou até sentir que estaria na hora de voltar. Quando o alarme soou, ele realmente voltou. Trouxe consigo as ideias que levara, agora revisitadas, mais as que gerou tanto quanto as que ressuscitou. Como poderia alguém ter entendido que ele se havia redefinido numa experiência de mescla de tempos verbais? Se no mundo em que estivera nenhum sentido houvera, iria agora dizer-lhes que essa era a máxima do sentido? Achou que o melhor seria sorrir, sorrir, sorrir, até que se cansassem de o ver sorrir, até se poder demitir. Mas ninguém o demitiu, nem ele se eximiu. Ao invés disso, pediram-lhe mais. E ele se intrigou. Mas se não entendem, porque se parecem interessar? Foi aí que veio a Revelação. O que tinha que fazer não era explicar, mas sim levar. Como quem convida para dançar. Anda vem comigo, tenho algo para te mostrar. E só assim conseguiria. E só assim conseguiu.

O Ilustrador (Tomo V)

Entrou nas cabeças de outrem e fê-los lembrarem-se de quando eram novos, e convidou-os a por aí ficar. E ficaram. Então os tais buracos negros que de início no céu desenhou levaram os impiedosos, exoneram os jocosos e coroaram os virtuosos. Tudo isto sem que alguém o houvesse profetizado para vir depois colher louros inflamáveis, só assim se quebrou o ciclo. Sorriram os loucos sanados. E os orifícios no céu se fecharam. E veio uma calmaria em que todos se sentaram, e alguns até se deitaram. Mas todos, mesmo todos, adormeceram e sonharam. Sonharam que viviam aquilo, e naquilo efectivamente habitavam. Já não era um sonho. Era real. E ele pôde então volatilizar-se e voltar ao que sempre fora e nunca quisera deixar de ser, apesar de voluntariamente se ter destacado missionário. Valera. Valera por tudo. Porque agora que o véu se sublimara, mais um mundo se elevara.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Lápis de Olho (O Verdadeiro Amor = [Força Estática <=> Força Dinâmica])

Com Lápis de Olho, desenhaste três riscos ao canto de cada um de teus olhos

Assim, ao brilho juntou-se-lhe o vislumbre de seu rasto, traço

Assinalando que se em tempos choraste lágrimas, Hoje lacrimejas cometas, por onde quer que passes

E nesse campo metafórico eu sou o Espaço onde circulas, o substrato de tuas órbitas, testemunho da tua passagem

Estás inscrita em mim, Força Dinâmica, e eu inscrevo-me em ti, Força Estática

E nesse campo concreto, chocamos compassadamente até que se provoque a derradeira faísca, aquela que dissolve a matéria

E quem olha para o Céu e se perde na sua Imensidão, Em Verdade, esta olhando para Nós

Mergulhando em ti e em mim, no nosso eternal movimento de choque, até à derradeira centelha, Cessação

“Tudo no seu devido Lugar”.



Em Casa (Palavras Beijadas)

Carícias sopradas, beijos subtis sobre um rosto de pele macia.
Um quente sussurrar d’aragens apaixonadas.
Seda viva, tão Bela que és.
Alva e branda.
Um Abraço nu, Que pulsa d’Amor.
Mãos enlaçadas, corpos fecundos, Almas adunadas.
Palavras? Só beijadas…


Entrei na Casa do Coração, e encontrei uma Luz com corpo de Mulher. Tinha Nome, mas não se pronunciava, sentia-se. Senti e Amei.



(Não me acerte)
(Não me cerque)
(Me dê absolvição)
(Faça luz onde há involução)
(Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu mal)
(Reabilite o meu coração)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Apocalipse não é “Fim”, é “Revelação” (Contagem Regressiva)

10 Estava tudo tão bem, porque desfigurar o que estava figurado? Mas não é a mesma coisa? É porque nem sempre é mau quando os comboios se deslocam fora dos carris, em verdade, às vezes é necessário que assim seja. Em Sonhos tudo é possível, sejam construções ou desconstruções, não há diferença, pelo menos em essência. Fogo Interior: primeira pista.

09 Pernas para que vos quero. Vou a correr. Corro tanto que deixo de Ser. Sou um Vento de Pensamentos. Para cada lado uma direcção, rajadas para todos os gostos. Nada é definido, tudo é indefinido. Disperso-me quando sopra. Portanto tenho que chegar à terra onde o vento não bule. O Olho do Furacão: segunda pista.

08 Foram anos de espera, talvez mais, sim, muito mais. Queria fazer um festim de Amor há muito tempo. Mas caía incessantemente no mesmo buraco negro. Do outro lado ia dar sempre à sala do costume. Um lugar cravejado de memórias, mais antigas que o próprio tempo. Que carregava vida após vida. E que me faziam repetir as estórias. Tomei banho, tudo se resolveu. Tornado que liga o Céu ao Mar: terceira pista.

07 Aqui de onde se vê o que dali não era visível. Mas para cá chegar é preciso caminhar, não basta rezar. Ah, pois é! Fácil é dizer que o é, difícil é perceber que mais vale andar que falar, sempre. No interior da casamata um animal acuado. Não tentes apaziguá-lo, solta-o e ponto final. Ele vai para onde a sua mente o levar e tu ficarás com mais uma sala limpa e vazia. Céu e Mar entram em colapso: quarta pista.

06 Deixa-te estar aí que estás bem. Porquê? Então mas tu achas que eu quero saber disso para alguma coisa? Nem sequer fui eu que falei (escrevi). É que não tarda nada começa a chover e esta chuva leva-te com ela. Avisei. Era uma vez o número três, veio, mas ninguém deu por Ele, porque afinal era uma Ela. E por isso mesmo, fez-se tarde demais para os cegos e cegas que de inocentes nada tinham. Dos virtuosos, nem rastos, vá-se lá saber o que será isso. Portanto ficaram apenas os loucos, débeis e falhados. Colapso do Céu e Mar: quinta pista.

05 Basta deitar-me e tudo aparece. Antes era confuso, agora passa ao lado, e há medida que isso vai acontecendo tudo é arremessado borda fora. E só de pensar que se tratam de coisas que nunca chegaram a realmente existir. Mas é assim o alinhamento deste período profundamente desalinhado. As árvores e toda a sua corte, súbditos e súbditas, rapidamente hão-de recobrar, crescer e cobrir uma nova terra. Quem tiver olhos de águia conseguirá perceber esse movimento. Há um sonho em que se cospem dentes: sexta pista.

04 Esquece tudo o que ficou para trás: sétima e única pista.

03 Um, do, li, tá, cara de amêndoá, um segredo colorido, quem está livre?...

02 …Está!

01 Estou. (?)*

00




* Porque não te interessa se “Estou”. Só te interessa se Estás. A mim o que é Meu, a ti o que é Teu. Só assim poderá Ser. Só assim.


quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Maré Vaza antes do Tsunami (E uma “Cidade” Nasceu)

Denunciada pela reverberação uterina arrítmica, Ele percebeu quando a Maré começou a baixar abruptamente, pedindo-Lhe que fosse com Ela também.

E partiu decidido em busca do perfume do seu fervor. E depois do impacto, Ela só conseguiu agarrar-se com ganchos à primeira nesga de lençol que se Lhe assomou a cada mão, evitando assim que a Alma Lhe saísse irremediavelmente vaso a fora.

Mas sem sucesso, incapaz de se conter, veio o Tsunami, engoliu, arrasou, devastou o que já existia, e uma nova “Cidade” nasceu.



Get up, Get up, Get up, Get up
Let's make love tonight
Wake up, Wake up, Wake up, Wake up
'Cause you do it right

Heal me, my darling
Heal me, my darling
Heal me, my darling
Heal me, my darling

(Sexual Healing, Marvin Gaye, by Ben Harper)

O Princípio das Coisas (‘Bora nessa, Vanessa!)

- Olha lááááá!... Em tom de espanto teatral. Mas que contornos são estes!?.... Provocou o gajo, traçando contínuos e subtis círculos com o dedo indicador sobre a pele da sua anca quase despida, mas já sinuosa.
- Não sei, descobre… Deu-lhe o troco ao melhor nível, qual triunfo do princípio cinético da Energia Feminina.
Acoplaram via Beijo ávido e interminável. Imediatamente mergulharam no mar agitado de sorrisos marotos, e foi assim que tudo começou. Contorcionistas. Peritos em topografia sensível. Enfim, tudo do que se possa imaginar, e mais ainda…




Gostei de ser de quem me gosta
Eu aprendi
Querendo a vida bem mais fácil
Eu resolvi
É tão melhor viver em paz
Ninguém me faz sentir assim

(Vanessa da Mata, o Tal Casal)

sábado, 9 de abril de 2011

Bonina Coração de Luz (Nome de Mulher)

Assim que soube que eras Poesia
Minha Bonina

Derramei Luz sobre Teu Coração

Toda tu te Derramaste sobre o Meu

E percebi que eras a Encantadora


Nossas Almas já eram uma Trança de dois Filamentos Entretecidos de Brilho
E apesar de o ignorarmos, sempre tivemos Conhecimento
Porque antes do Dia, cada passo de um foi um passo em direcção ao Outro
Porque antes do Dia, mesmo em cegueira, já nos procurávamos
Porque antes do Dia, incessantemente, sabíamos que faltava apenas que nossas roupas se encontrassem
Um trecho de uma estória onde o Espírito fora sempre o mesmo e por isso mesmo a distância nunca existiu

E porque hoje é o Dia,
Neste Momento em que nos descobrimos
Somos a Celebração
Génese do Festim de um Universo que nos Salva e ao Nosso (re)Encontro
Agora e daqui em diante, só Amar
Porquê?
Porque sempre será o Dia

Assim que soube que eras Poesia

Minha Bonina

Derramei Luz sobre Teu Coração

Toda tu te Derramaste sobre o Meu

E percebi que eras a Encantadora





Traga-me um copo de água, tenho sede
E essa sede pode me matar

Minha garganta pede um pouco de água

E os meus olhos pedem teu olhar

(Gilberto Gil, Tenho Sede)

Cidreira e Mel (A Gostosa Insinuação)

Que gentil folia esta, a Nossa
Deliciosa, aquosa pueril
Nós, uma Infusão de corpos
Alegria tão doce e Melíflua
Quanta Inspiração
Sim, nesta mútua impregnação de travos, sabores e odores
Que nos faz estar no que está para Ser, mas já É, sempre Foi
Qual de nós Cidreira?
Qual de nós Mel?
Expiração. Perguntas para quê?
Se sim, se somos Infusos?

Gota, a gota…
Vamos instilando as nossas essências um no outro
E nos entrementes, sem saber o que é pressa ou tempo sequer, decoramos nossos Corações com “juras” d’Amor beijadas
Eu Amo você, Menina… Juro!...
T’Amo, meu Anjo… Juro!...
E logo abandonamos as palavras para retomar os gemidos maviosos do corpo-a-corpo, porque “quem mais jura mais mente”, e nós só conhecemos a Verdade, sendo esse o ponto em que chegamos à Essência
Portanto, Sim… Somos Infusos



sexta-feira, 8 de abril de 2011

Vai um Combate? (Porque o Fogo Nasce da Fricção)

Que estas nossas incursões amorosas ora se tornam duelos, é a mais pura Verdade. Porque é da fricção que se cria o Fogo. Sendo por isso que brinco ao atrito nas galerias mais intimas de ti, só para teu jubilo e minha elevação, nossa Consumação!

Porque Nós somos Ígneos… Vem que eu vou, vai que eu venho, o bailado sem passo certo, acende nos pontos de contacto a faísca que começa a fumar sensualmente os Vapores do Amor. E é precisamente quando não esperamos que se dá a gostosa convulsão e o magma nos dois casa e se liberta como Um.

E então, que te parece!? Um combate corpo-a-corpo? Sim, sou eu a convidar-te para pelejar comigo!...



Post Scriptum: Este texto não foi escrito ao abrigo do acordo ortográfico, pelo que não se recomenda a sua leitura.



(Bob Marley, Jammin')

I wanna jam it wid you.
We're jammin', jammin',
And I hope you like jammin', too.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

No Calor da Câmara Nupcial (Porque… )

Porque pintas teus lábios de vermelho aguerrido
Eu beijo-te apaixonadamente para ficar com tua assinatura enlouquecida em meu rosto

Porque pintas teus olhos com ‘degradês’ exóticos
Eu expiro poesia inspirada em ti que te leva às lágrimas que tingem tuas faces

Porque não precisas pintar os teus cabelos que cheiram bem
Eu rapo o meu e deixo crescer a barba, só pelo prazer de ser abrasivo e poder picar-te

Porque tua pele é pintada de uma promessa garantida de deleite
Todo eu, dos pés à cabeça, passo a ser um barco navegando em ti Mar de Amor

Porque os teus olhos desembocam numa pintura guardada em teu ventre
Eu ensino-te os Segredos do meu Abraço, e balançamos, e balançamos, ao sabor da nossa sensual Maresia

Porque tu és Linda e eu sou Feio
Quando tomas teu banho de sais e florais, mergulho vestido só para me encharcar e poder me despir

Porque isto nunca mais acabaria
Deixo neste preciso momento de escrever para desligar esta coisa e ir ao teu encontro



Até já!
Fecha os olhos!
Porque quando os abrires já aí estarei, com um bouquet na mão e um beijo pronto a decolar de mim até ti!

Dia das Mentiras (Especialmente concebido para Ti!)

Parabéns, meu Amor! Hoje é o teu dia, o das Mentiras! Por isso venho Celebrar-te!

Desde há quanto tempo vens dizendo que “não” quando cada poro de ti transpira um “sim”? Não me Amas? Tua boca sempre disse uma coisa mas teus olhos outra. Em que ficamos?

Nictação? É o pestanejo! Se é importante!? Não, é muito mais que isso, é fundamental. É a chave de todos os segredos! Porquê? Porque tudo está decifrado no código morse particular dessa tua nictação, Princesa!...

É por isso que sempre procuro o teu Olhar, o jogo entre o brilho e o pestanejar. Quando te fito, leio-te… Perdoa-me se o faço, mas és tu que clamas por mim…

E se não aguentar? STOP Falta-me o Ar! STOP E se esta Força que ameaça transbordar o meu peito se libertar? STOP E o aperto na barriga? STOP Vou perder o controlo? STOP Vou ser esmagada? STOP Vou deixar de ser eu? STOP E se de repente eu cair dentro desse Infinito que pressinto em teus olhos? STOP É um abismo ou um salto para uma outra dimensão inexprimível? STOP Pára de olhar assim para mim, por favor! STOP Posso não aguentar! STOP Vou sair magoada? STOP Tenho medo! STOP Mas se tenho medo, não é Amor! STOP Então o que é? STOP Sim… Eu Sei… Somos Nós… STOP Porque quando estou só e fecho os olhos, suspiro e sei… STOP Eu também Te Amo… STOP Tanto que não consigo nem pôr em palavras… STOP Tanto que não consigo nem abarcar ou entender... STOP Eu Sou esse feixe de Luz que une meu Coração ao Teu, e que és tu também… STOP STOP STOP STOP e STOP!...


Um convite? Pode ser?... Vem, Lê-me, mergulha, meu Bem... Porque “Para brincar na gongorra: dois”…





Post Scriptum: Com a Verdade m'enganas, com a Mentira te revelas.