sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Postal Número 5 (De Mim para mim)

Ao chegar à porta de entrada, cumpriu com o ritual de sempre. Abriu a caixa do correio. No meio do acumulo de publicidade, havia algo novo. Pelo menos a julgar pela textura. Depois de ver com as mãos a novidade, procurou enxergá-la com os olhos. Era um postal. E não vinha identificado. Mas a magia de um postal é que basta senti-lo, uma mensagem no dorso de uma imagem, e logo se percebe de onde ou quem veio.

Postal número 5

Estou bem.
Moro no teu Coração,
Estou sempre contigo,
Porque sou a tua Alma.
Não te esqueças de mim
E jamais te esquecerás de ti
Ama-me tal como te Amo
E Amar-Te-Ás como nunca Amaste
Somos Um.

Sorriu. Um postal é um portal. Aquele mais que qualquer outro. Se não soubesse quem o escrevera, diria que se tratava de um amigo imaginário. Mas percebeu claramente que era de si para si.
Levantou-se, pegou na caneta de acetato e, no canto superior direito da imagem celeste, escreveu palavras encolhidas mas de significado imenso.

Pela noite saí do meu corpo, temporário…
Escrevi um fio de versos que dediquei a mim, Alma…
De manhã voltei e já dentro do corpo acordei…
Com o sonho vívido na mente…
Com um postal na mão…
Uma mensagem de mim para mim que trouxe de um sonho perfeito…
Obrigado.

Voltou à cama ainda quente para voltar a dormir. O postal, esse, em cima da mesa-de-cabeceira estava já enviado, remetido para o “outro lado”. Adormeceu.

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