Tinham aquela tradição de no aniversário oferecerem uma coisa "especial". Nada de mundanidades, "apenas" algo que se imbuísse de significado. Por exemplo, houve um ano em que ele a presenteou com sementes de Sequoiadendron giganteum, ao que ela ripostou, meses depois, com vagens de alfarroba para trincar e semear. É destes rituais que se faz um verdadeiro amor, não?
- Parabéns, cota!
- Hás de sempre gozar comigo por se mais velho?
- Sempre!
- Vamos lá a ver o que temos nesta edição...
Ele começou a abrir o pacote engendrado de caixa e papéis reciclados. A surpresa impôs-se-lhe aos olhos, para agrado dela.
- Um estetoscópio?
- Sim, para veres quem é que ainda traz um coração dentro do peito, caso se faça necessário.
Genial. Dera-lhe uma "arma", defensiva, ainda por cima de porte legal, subindo a parada para quando lhe coubesse reciprocar. Vitoriosa, acariciou-o da fonte ao rosto, com as costas da mão dedicada, o toque de quem tem, realmente, um coração para reverberar com o dos outros.
(Estetoscópio, Jehoel)
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