Onde estive? Isso interessa se agora estou?
E se for bom demais? Isso interessa se o que não conhece começos jamais conhecerá finais?
Em verdade, o que poderá importar, se realmente nada interessa…
Banida a conversa, porque há quem Ame odiando a retórica, veio a Dança.
E foi descobrir que A tínhamos em nós, que velozes nos tornávamos Nela bastando que déssemos as mãos… Como um Círculo que se fecha dando à Luz o Sentido afinal!
Quando sobrelevámos a moção excedida, comoção!, olvidamos a Vida e a Morte. Alcei-te aos meus braços e tu, de pernas trancadas em mim, ainda tentaste a derradeira resistência que até então nada mais havia feito do que afirmar o teu desconcertado desejo de rendição. Inconsequente, faltaram-te as forças que a mim sobraram. Pois aí já o Mundo não o era, ascendido a um impulso onde não há Dia nem Noite, apenas os matizes dos nossos sons rasgados de prazer. E também as roupas foram condenadas à expulsão perpetua, tendo se pulverizado estilhaçadas pelo nosso avanço.
E sobre uma pista incandescente, a Dança continuou. E sobre um palco incendiado, a peça sobrepujou. E quando esperavas uma direcção sabida, também eu me surpreendi a mim mesmo, abdicando ser o rumo conhecido, lançando-me ao desconhecido.
Foi quando, lendo a entrega com que se abria o livro das tuas já desprotegidas ilhargas, avancei pronunciando beijos versados com um propósito insular…
Ultrapassadas tuas pernas com estes lábios que só conhecem Poesia arremessada para ti, deliciei-me em tua Flor. Beijei-te as pétalas carnudas vibrando-as, e de tanto te deliciares, incontida, desaguaste com o Néctar jorrado.
(…) acércate a mí
abrázame a ti por Dios
entrégate a mis brazos. (…)
(Pasion, Rodrigo Leão & Lula Pena)