quinta-feira, 31 de março de 2011

O Anjo de Asas Púrpura (Alfazema ao Piano)

Quando há Amor tudo se torna mais fácil
Aqui estou, falando a linguagem dos teus Seios
Mergulhados os nossos retratos em chá de Alfazema,
Essa solução de Terna Paixão em que nos Recriamos

Lúbrica de Felicidade, desabotoas tua Flor, e eu vou por Ela adentro
Damos as mãos, dedos entrelaçados, e tudo fica mais concatenado
Sorris nos entrementes que sucedem ao recobrar de fôlego
Nunca chega a cansar, pelo contrário, seriamos assim o Além Tempo

E porque não? Sejamos.

"Assim na Terra como no Céu".

T’Amo-Te, meu Amor em Flor.


(…) pôs-se a tocar uma sonatina de Scarlatti com algumas hesitações mas com muito sentimento. Enquanto ela tocava, pude observar-lhe melhor as feições. Não me parece possível retratar com palavras um rosto de mulher. O que importa não é o seu formato, a cor dos olhos, o desenho da boca e do nariz ou o tom da pele. É, antes, uma certa qualidade interior que ilumina a face, animando-a e tornando-a distinta de todas as outras, e essa qualidade raramente ou nunca se deixa prender até mesmo pela câmara fotográfica.

Erico Veríssimo, in Sonata

quarta-feira, 30 de março de 2011

Estrela e Anti-Estrela (Pesquisando o sorriso na Espuma)

Foi numa Festa de Espuma. Parecia tudo normal, o meu corpo estava lá, mas minha cabeça sempre gerando ‘Poesia em Tempo Real’. Hoje sou capaz de jurar que antes do toque já por mim tinhas passado umas quantas vezes, como uma borboleta rondando o seu pouso antes de aterrar. E quando aterraste, só dei pelo que estava acontecendo quando reparei que os meus lábios tinham ficado na tua boca e os teus na minha.

Os aglomerados de Espuma eram as Nuvens, o ar saturado o Céu. Eu dancei contigo, tu dançaste comigo, dançamos os dois juntos. Que compasso. Ninguém deu por nada, estando em contacto éramos invisíveis.

Já no quarto, expulsamos apressadamente (vide, convictamente) as roupas dos nossos corpos. Foi tudo tão diferente. Nada como até então. Foi só sentar-te em mim. Tu liquefazias-te, não te podia agarrar, mas também não me parecia que o quisesse. Sentia-te permeares-me, como se fosses mercúrio com um intenso odor floral. Percebi que estava em ti d’igual modo, que te perpassava (vide, penetrava) o corpo todo passando a correr com a tua circulação sanguínea. A minha colecção de movimentos, uma cadência que por vezes propositadamente se sincopava imprevisível, conduzia uma energia lúbrica que te transia. E repara que transa deriva de transir.

Eu, o Anti-Estrela, pesquisei o teu sorriso réu com os segmentos mais húmidos da manifestação do meu Ser e que tu beijaste. Descobri o meu paladar favorito e tu também. Ofegando descontraidamente, o teu sorriso abria lasso e fechava constrito, palpitante, à medida qu’ia e vinha. Como uma Rosa ora abotoando, ora desabotoando, insinuosa e jorrando (vide, recheada) impelida pelo vigor.

Tu, a Estrela, decifraste que à medida que as pulsações se foram dissipando uma na outra, começámos a abandonar os corpos. Incorporaste a tua pele na minha, qual fundição e a sensibilidade de limiares latejantes excedidos fez-nos espumar aos dois. Digo sorridente, que desse modo nos fizemos, sempre sorridentes. E depois foi ver a Espuma fazer-se de Céu.

Atrás de ti Havia uma Luz, como se fosses o horizonte atrás do qual o sol se põe. Que Luz. E quando o ocaso se deu, ficámos.

Somos Estrela e Anti-Estrela.

T’Amo-Te, Luz.


terça-feira, 29 de março de 2011

Atrás do que traz Regozijo e Satisfação (Lá estás tu a tentar interpretar)

Chuva de Inverno, aquecida. Deixei-a’ninhar-se numa cama d’amantes. E fez-se um luar d’azevinho, do perfumado com bagas de cor improvável, gradiente lavanda. Nada qu’alguém pudesse conceber, só se lá chegasse através de Si.


Depois prometi sem me comprometer que todas a noites faria um chá de uma erva especial. Essa minha Terapia ao Amor.

Depois fiz-me aos versos e disse:
- Sílabas, Que vêm dos interstícios da Existência, Manifestem-se!
Isso fazendo-me ter trajes de áugure. Enfim, mesmo que os tivesse!?… Só dá vontade é de rir…

Depois bebi um trago do tal chá e pensei:
- Não haverá tanta coisa tão boa!
E imaginei o que seria de um planeta se a sua atmosfera tivesse este aroma, Seríamos todos amantes uns dos outros, com certeza. E que bom que é Amar! Com o corpo então!…

Depois vi para a frente porque já chateava ver com tanta nitidez o que ficara para trás. E sabendo o que vem aí, decidi sentar-me e gozar. Foi então que determinei:
- O dia de hoje será eterno e será o Do Prazer!
Como se pudesse determinar o que quer que seja. Com alguma sorte e não serei contrariado, assim é que é!

Depois… depois… bem, depois… não sei!...


Soprei quente sobre um vidro frio. E como tal virou uma tela virgem. Desloquei a atenção até ao dedo indicador e passei a Sê-Lo. Após movimentos inspirados sobre o véu de sonho condensado, fiz Arte concretizada num quadro que a assinatura do meu sopro vital criou. É um desenho atmosférico. E fiquei contemplando-A, dentro e fora de mim.


Bom Dia ao dia!


segunda-feira, 28 de março de 2011

Sortudo (Despido o Sobretudo) -> PS

Antes de lá ter chegado, eu já era eu. E passei assim uma parte da dispensa a que fui sujeito. Sem que alguém me tivesse sujeitado ao que quer que seja, diga-se. Mas o Tempo prosseguiu e uma estória surgiu.

Qual é coisa qual é ela? Escreve e não faz sentido, analfabeta não obstante lê? Aqui fica o desafio, sem pretensão de nada, porque água é preciso para se nadar e daqui só flui seco.

Interpreta, atreve-te, e só vais perder tempo. Porquê? Porque estarás naquilo que julgas ser de mim quando devias estar em ti! E viver fora do corpo é uma tragédia, aquela a que estamos todos sujeitos nesta hipnose individual com manifestação colectiva. Mas eu sei truques, só não me foram ainda revelados. Mas sei que estão lá. Por isso não me ralo. Preocupar-me para quê? Se daqui a pouco abandono o corpo e volto para de onde vim sem me lembrar bem do que era isto de pensar que Sou!

‘Entendido’ é diferente de ‘compreendido’, mas também pode ser o mesmo. Depende da pessoa, do lugar, das disposições e flutuações. Então qual a razão das brigas? Ilusões. Mata-se por Ilusões. Mas como eu já deixei de matar há muito tempo, andei a ser morto um tanto outro. Agora estou observando o zénite a escassos metros do seu pouso. Está seguro. É como aquela preguiça de avançar só para se adiar o triunfo depois da súmula de momentos em que a Caminhada parecia impossível. Serei o Sortudo.

Agora vai, e faz de ti o que quiseres com o teu tempo. Vá, vai lá, que eu já não estou cá.



Post Scriptum: Continua a brincar. Não me importa. Já me rendi. Venha o que vier. Posto isto estás entregue à tua Sorte (digo eu).


domingo, 27 de março de 2011

Linguajares (Tensas e Sentenças)

Ironias, tropelias
Nunca chegaste a dizer-me o que querias
Se é que alguma vez soubeste

Magias, bruxarias
Por mais que digas que não, tu sabias
E eu que carreguei mundos alheios

Azias, tontearias
A cada qual sua sentença
Eu cumpri a minha, agora sou não vou dizer o Quê

Sempre fui
Só não tinha a coragem e o entendimento
Para me Evolar

(Evolei, eu sei!, eu sei!)
(Rio, de fio a pavio)
(Transirei*, sobre quem não revelarei)


Adenda: o que parece não é, o que é não parece.


* Transitarei


sábado, 26 de março de 2011

Varado (Alguém quer Boleia?)

Quando toda a gente pensa que isto não poderia estar pior, digo, ainda mais piorará

Quando toda a gente deixar de acreditar no melhor que aí virá, digo, será quando o melhor já cá estará

Pelo meio choques e colisões, e advirto, não se tratam de sinónimos

Prodígios serão tantos, que já se espreitam os indícios deixando rastos por aí a fora

Mas aqui é tudo tão visível, e as palavras não traduzem porque não

Quem quer saber? Ninguém! Então para quê Revelar?!

É tudo a mente, e essa mente.


Está dito


segunda-feira, 21 de março de 2011

Lua (Primeira)

Como se alguém conseguisse dormir com o tamanho dessa Lua
Vou sair agora, correr, entrar com a noite pela noite
Até já?

Uma pista:
Para os outros, estarei disfarçado;
Para ti tão óbvio, o felino entre os vultos

A senha:
O outro lado da moeda, tua música
“Infinito Particular”, porque se deve dar sempre a outra face

Fui
(Na verdade nunca estive)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Carta ao Meu Amor

Meu Amor,
Não tens dimensão do que ainda está para vir
Mas não te preocupes
Porque até lá já estarei Curado
E o meu Abraço será o teu Abrigo
Ama pelo Amor, e não porque Te Amo