segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Febre do “ouro” (Da maldição ao adeus às bruxas)

Queres o “ouro”? Só vou perguntar-te uma vez mais… Tens mesmo a certeza que queres o “ouro”? Pronto, então fica com “ele”, é teu, mas na hora da agonia não digas que não te avisei.

Desta já estou Livre. Será só mais uma naquele que é o meu Caminho, O do Guerreiro.





Em seguida o término de uma estória que se desenrolou nos bastidores das vidas de muitos, tantos que alguns nem se souberam fazer parte de tal trama.

Foi até ao portão. Viu-a. Chamou-a. Ela virou-se e arregalou os olhos ao vê-lo, espanto e acidez.
- O que é que estás aqui a fazer? Tentou alvejá-lo agressiva.
- Vim avisá-la. Respondeu imune, porém no indefinido de um misto de calma e preocupação. Pode bem ser a sua última oportunidade.
- Mas desde quando é que… Quem é que pensas que és! Retorquiu corrosiva num esgar que lhe distorceu a voz.
Qual tempo inenarrável, fitaram-se na colisão do olhar de um no do outro. Um duelo? Para ela sim. Para ele não. Dificilmente ela entenderia que a presença dele ali era acima de tudo um gesto de pura compaixão, algo que depois de tudo nem lhe cabia fazer, mas que se predispusera para tal à mesma.
- Vão-lhe ser oferecidas duas cadelas. Virá aqui uma mulher fazê-lo, pedindo-lhe que tome conta delas. Aconteça o que acontecer não as aceite. Solenizou as palavras tranquilas.
Com aquele seu semblante de bruxa, ela riu-se vil e arrogante. Ele percebeu que nada mais havia a fazer ali, que no fundo aquilo nem teria valido a pena, mas acima de tudo queria fechar mais um capítulo da sua estória de vida com a certeza de que fizera tudo o que podia ter feito. Avisei-te. Agora estás entregue a ti própria e aos teus desejos, mulher… Ela voltou a rir, malévola, segura dos seus intuitos, fossem eles quais fossem. Voltou-se e fechou a porta. Com esse som fracturado mais o dos cães que começaram a ladrar-lhe com fúria ele ficou ali mais uns instantes. Tirou a mão da grade e reparou na aranha que ali montava uma intricada teia. Sorriu interiormente por ter percebido a mensagem com clareza. Está feito. Virou-se e seguiu rumo com a leveza do sossego em seus passos firmes.

As Origens deste breve mas intenso texto ficarão até mais não uma estória por contar. Folhas de papel guardadas numa gaveta apócrifa. Porquanto, quem quererá saber de quando “bruxas” e “anjos” se travam de razões? Se é que isso possa existir sequer? “Bruxas”? “Anjos”? Provavelmente ninguém.

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