Era já madrugada. 01:01… 02:02… 03:03… 04:04… De capicua em capicua, a conversa foi-se prolongando. O sono começava a instalar-se e como tal as palavras começavam a tropeçar lânguidas umas nas outras. Está na hora… O mais curioso é que ao longo da conversa, um melro tinha estado o tempo todo a cantar. Como que compondo a banda sonora à súmula dos momentos. Não sabia que os melros cantavam de noite… Despedimo-nos. Dei-lhe um abraço e um beijo na testa. Certifiquei-me da sua entrada, salva e segura, pela portada. Vi o seu derradeiro aceno já no topo do alpendre. Voltei-me e segui para o carro. Rumei a casa, sempre com o canto do pássaro nas arcadas da mente. Ecos de um chilrear que soou no tom com as minhas palavras… Ao chegar, quando saí para me dirigir ao prédio, na árvore ao meu lado, um melro a cantar. Detive-me. Será?... Inevitavelmente pasmei perante a continuidade da tal banda sonora e perguntei-me se seria possível tratar-se do mesmo melro. Quem sabe… Prossegui meus passos em direcção ao sono até deixar de o ouvir, logo após o fechar da porta de entrada atrás de mim.
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