São duas aves míticas, ainda que cruzem os céus e mares dos planos ditos reais. Experienciam a vida entre humanos, assumindo a forma desses, para que possam ver e sentir como se manifesta essa curiosa forma. Dessarte, após fantasiarem-se de pessoas, de serem, comungando como elas, entre elas, deixam cremar as falsas peles regressando aos seus corpos de Phoénix Aeterna, agremiando-se em amicíssimos colóquios para partilhar descobertas, apontamentos e observações.
Eis o excerto de uma dessas celebres interlocuções.
Meu Caro Mimura Japonensis.
Lá entre eles, uma das aprendizagens que mais me tem custado é o facto de tendermos, quase inevitavelmente, a relacionarmo-nos através de jogos de poder. As pessoas quase sempre tentam abusar de ti. Podia-se viver o paraíso na terra, mas o que se faz é uma vil, constante e primitiva canibalização do próximo. Acho que é o resultado de se viver com o medo da escassez, o ego tende a ser avarento.
Maximus, Meu Querido!
Sim, é um facto, mas há modos de contornar isso e razão de ser.
Começando pela razão de ser: as pessoas vivem tristemente consigo e com o mundo, em função das suas escolhas e do modo como se deixam poluir, existindo em agonia e violência. Como tal o seu desejo é aniquilar, destruir o outro. É um estado de doença comum.
Modo de se furtar a isso: ou recorres à violência salutar do teu ego que não permite isso ao outro, pois destruímos animalmente o que é mais fraco e evitamos o que é mais forte, que era o meu antigo método, ou o teu, que hoje uso, portanto, vês o ego ogre do outro, desapareces e apareces do outro lado já longe do ataque, sendo-lhe indiferente e afastando-te, não te prejudica e ficou embrulhado na violência da acção de destruição que recai sobre si. O truque em ambos é uma distância que não permite o golpe sobre ti de modo algum.
(Texto de autoria conjunta: Joel Machado e Rosado Lopez)
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