Enquanto isso, sem passado nem futuro, apenas presente, jogados os cadernos fora, aprendo a viver recuperando do choque de ter descoberto que pouco ou nada sabia quando julgava já quase tudo saber…
Enquanto isso, sem olhar presto atenção aos detalhes, pequenas coisas, milagres aparentemente ocultos, mas que existem desde que me comprometi a deixar de ter medo de me comprometer…
Enquanto isso, de peito aberto, namorando com a Liberdade, revelam-se situações, as pessoas acontecendo, belas e sorridentes, como nunca antes tinha acontecido só porque para aí não estava virado…
Enquanto isso, desfrutando dos prazeres supostamente banais, sensitivos e sensuais, todas essas delícias, começando a perceber o quão bom pode ser isto de estar encarnado, e ainda agora começou…
Enquanto isso, sons cadentes, cadências sonantes, dançando danças que nunca havia dançado por simplesmente nunca ter ousado, dois corpos brincando aos pontos de intersecção, não sei se me entendem…
Enquanto isso, sem receio de jogar cartas a despeito das consequências, andando como quem viaja, comendo o que me apetece, sem problemas em deitar tarde e não acordar cedo, só porque quero só porque sim…
Enquanto isso, digo à Água que a Amo durante o banho e lavo-me de tudo o que nunca me tinha atrevido a lavar, ganhando anos-luz de vida, sobejamente mais do que aqueles que julgava ter desperdiçado mas que afinal não perdi porque nunca existiram sequer…
Enquanto isso, amoroso, descalço-me em qualquer lugar, basta sentir um querer, e apresento o chão aos pés, fresca ou seca é terra o que está debaixo da relva, é aqui que estou, é aqui que vou estar, nem mais nem menos, é aceitar…
Enquanto isso, escreveria e continuaria escrevendo, mas não posso porque não o sei fazer, a diferença é que antes queria e agora já não quero mais, tudo porque decidi tão somente viver e, até que deixe de haver sentido, é e será esse o meu partilhar…
terça-feira, 29 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
O Vento (Que leve os “outros”)
Estou aqui,
pronto,
porque quero.
Portanto,
venha o Vento.
É só o que tenho para dizer.
Sabes há quem pense que o vento diz coisas… é muito mais poderoso que isso. Claro que tem uma voz, mas o seu código é tão difícil de compreender que as palavras humanas não o decifram. As propriedades de que te estou a falar são outras. Sabes… é que além de silenciar a mente, de a deixar descansadinha e contente por só lhe sobrar espaço para escutar as suas rajadas, ele entra em jeito de redemoinho pelo teu corpo, limpando e absorvendo os espíritos maus. Retira-os imperceptivelmente e, uma vez no ar, seguem o seu rumo para outros corpos, agora celestes, diluindo-se até que desapareçam por completo, sem qualquer possibilidade de te voltarem a habitar.
pronto,
porque quero.
Portanto,
venha o Vento.
É só o que tenho para dizer.
Sabes há quem pense que o vento diz coisas… é muito mais poderoso que isso. Claro que tem uma voz, mas o seu código é tão difícil de compreender que as palavras humanas não o decifram. As propriedades de que te estou a falar são outras. Sabes… é que além de silenciar a mente, de a deixar descansadinha e contente por só lhe sobrar espaço para escutar as suas rajadas, ele entra em jeito de redemoinho pelo teu corpo, limpando e absorvendo os espíritos maus. Retira-os imperceptivelmente e, uma vez no ar, seguem o seu rumo para outros corpos, agora celestes, diluindo-se até que desapareçam por completo, sem qualquer possibilidade de te voltarem a habitar.
Raquel Ochoa, O Vento dos Outros.
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